Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Grécia vai a guerra contra o FMI

Quinta, 16 de junho de 2011
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
Os jornais mostram que a população grega foi à guerra contra mais um pacote de cortes de direitos sociais, proposto pelo governo, FMI e União Européia. Tais cortes servem para viabilizar o pagamento de uma questionável dívida, feita para salvar bancos falidos, e inflada pelos instrumentos especulativos dos rentistas. Um destes mecanismos é a manipulação do chamado “risco país”, de modo a elevar fortemente as taxas de juros sempre às vésperas da tomada de novos empréstimos, feitos para pagar as dívidas anteriores.

Conforme mostra a notícia da Folha Online, este novo pacote “prevê 6,5 bilhões de euros em aumentos de impostos e cortes de gastos estatais neste ano, dobrando as medidas que levaram o desemprego para o recorde de 16,2% e estenderam a recessão para o terceiro ano seguido.” É importante relembrar que a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, esteve recentemente na Grécia mostrando a alternativa da auditoria da dívida.

Já no Brasil, o governo tenta dizer que a dívida estaria sob absoluto controle, divulgando dados que mostrariam que o “risco-Brasil” estaria abaixo do “risco-EUA”. Ou seja: o governo procura dizer que os investidores acreditam que a chance do Brasil não pagar sua dívida é ainda menor que a possibilidade de os EUA não pagarem a sua.

Porém, segundo o próprio Secretário do Tesouro, isto se deve ao “cumprimento de metas fiscais que temos conseguido apresentar para o País", conforme mostra o jornal Estado de São Paulo. Em bom português: tal “risco baixo” da dívida para o setor financeiro significa risco total para as áreas sociais, cujos recursos são severamente cortados devido ao cumprimento de tais metas fiscais. O Secretário ainda divulgou que o “superávit primário” (ou seja, a reserva de recursos para o pagamento da dívida) em 2011 já está bem acima da meta prevista.

Além do mais, quando alega que a dívida brasileira teria “baixo risco”, o governo dá a entender que a taxa de juros paga pelo país poderia também ser baixa. Porém, os juros pagos pelo governo brasileiro são os maiores do mundo, várias vezes superiores aos juros pagos pelos EUA.