Sábado, 26 de maio de 2012
Rio de Janeiro - A Marcha das Vadias ganhou este ano caráter nacional e
ocorrerá simultaneamente hoje (26) em mais de 20 cidades do Brasil e do
mundo, incluindo Toronto, no Canadá. Entre as cidades brasileiras que
devem realizar o protesto, previsto para começar às 13 horas, estão
Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES),
São Paulo (SP), São Carlos (SP) e Sorocaba (SP).
Os organizadores da marcha no Rio de Janeiro esperam superar o número
de mil participantes, registrado no ano passado. A informação foi dada à
Agência Brasil por Daniela Montper, uma das organizadoras do evento.
A Marcha das Vadias objetiva chamar a atenção da sociedade de que a
culpa da violência e do abuso sexual não é da vítima. “É do abusador e
do estuprador”, salientou Daniela. “Quando a sociedade fica julgando a
vítima, procurando algum motivo para dizer que ela mereceu (a
violência), está tirando a culpa do estuprador, do abusador, e jogando
em cima da vítima”, acrescentou.
A primeira Marcha das Vadias ocorreu em Toronto, no Canadá, no ano
passado, organizada por estudantes da universidade local, a partir da
declaração de um policial que afirmou, em palestra no local, que o fato
de as mulheres se vestirem como “vadias” poderia estimular o estupro.
Daniela Montper salientou que o evento vai levantar outras bandeiras.
Um desses temas é a suspensão da Medida Provisória 557, de dezembro do
ano passado, que instituiu o Sistema Nacional de Cadastro, Vigilância e
Acompanhamento da Gestante e Puérpera (mulher que deu à luz
recentemente) para Prevenção da Mortalidade Materna, no âmbito do SUS.
As organizadoras da Marcha das Vadias consideram que a MP 557 “é
discriminatória e ofensiva e tem caráter de criminalizar as mulheres que
optarem por não continuar com a gestação, além de controlar essas
mulheres”.
Como a marcha possui um público grande de profissionais do sexo,
Daniela informou que o evento vai defender também a regulamentação da
profissão.
“Ela tem CBO [Classificação Brasileira de Ocupações, na qual a
atividade tem o número 5.198-05), é considerada uma ocupação, mas ela
não é legalizada. Não consta nenhuma regulamentação para proteger as
profissionais do sexo na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Então, elas ficam à mercê de vários tipos de violência e são
marginalizadas pela sociedade”.
A marcha defende ainda o combate a toda forma de violência e abuso
sexual contra meninas e mulheres, e prega a diversidade sexual. “Nenhuma
pessoa deve ser discriminada por sua orientação ou identidade sexual”,
reforçou. Outra bandeira dos participantes é a descriminalização do
aborto.
A Marcha das Vadias conta com apoio de várias entidades feministas,
como a Associação de Mulheres Brasileiras (AMB). Daniela destacou que o
movimento tem ainda a participação de representantes do sexo masculino
que apoiam a causa. “São pessoas de várias idades e todos os gêneros. É
uma marcha bem plural”.
Está prevista a realização de um protesto em frente à 12ª Delegacia de
Polícia, em Copacabana, em alusão ao policial canadense que deu origem
ao movimento. Manifestações culturais na Praça do Lido encerrarão a
marcha no Rio.
Fonte: Agência Brasil — Alana Gandra, repórter