Quarta, 16 de janeiro de 2013
Gilberto Costa
Correspondente da EBC
Lisboa – Pesquisadores renomados da área de saúde e as associações
médicas de Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha estão divulgando nos
quatro países carta aberta aos chefes de governo e de Estado e às
autoridades sanitárias da Europa criticando as medidas econômicas
prescritas nos programas de ajustamento econômico da Comissão Europeia, o
Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (FMI) – a
chamada troika.
O documento avalia que o receituário
da troika, de contenção de despesa e diminuição de investimento
público, “têm importância crítica no campo da economia e dos sistemas de
proteção social” mas não há “avaliações objetivas do impacto na saúde”;
conforme prescrevem acordos e declarações seguidas pelos países membros
da União Europeia.
Segundo os médicos dos quatro países, a crise econômica e as medidas
recessivas “têm implicações bem conhecidas na saúde”, como diminuição de
acessos a serviços de saúde apropriados, aumento de casos de depressão,
maior suscetibilidade a doenças transmissíveis e agravamento de
comportamentos de risco (tanto em termos de dependências químicas como
em relação a atitudes de risco, em caso de doenças crônicas).
Dos quatro países, a Espanha é o único que não assinou acordo com a
troika, mas segue o diagnóstico de cortar despesas públicas, inclusive
na área de saúde. Em Portugal,
relatório do FMI circula dentro do governo sugerindo o aumento do
pagamento por serviços públicos de saúde e a extensão da cobrança a
grupos da população até agora isentos, como as mulheres grávidas em
cuidados do pré-natal e as crianças.