Quinta, 31 de
outubro de 2013
Por Ivan de Carvalho

Ontem à tarde, informa o site Política Livre, a presidente Dilma
Rousseff telefonou “para o celular do governador da Bahia, Jaques Wagner”,
confirmando que na sexta-feira estará na Bahia (a segunda vez que vem ao estado
em duas semanas).
A presidente vem para a inauguração da
Via Expressa, denominação que substituiu a de Via Portuária, importando mais
notar que, do início à conclusão, essa obra, que vem sendo tocada pelo governo
do Estado, exigiu bem mais de uma década de dinheiro, suor e transtornos
passageiros que toda grande obra urbana acarreta.
Hoje
ela continua sendo muito importante, por permitir que o trânsito pesado do
transporte rodoviário de cargas destinado ao porto de Salvador não interfira
com o restante do trânsito urbano. No entanto, entre o início e a conclusão da
obra, tanto tempo passou que o problema principal de transporte em Salvador
deixou de afetar as áreas atravessadas e adjacentes à Via Portuária/Via
Expressa e deslocou-se para a Avenida Paralela.
Assim,
entende-se a presença da presidente da República, Dilma Rousseff, no ato de
inauguração da Via Expressa, que liga as rodovias do entorno de Salvador ao
porto da capital, ainda mais porque esta é uma das escassas obras do PAC – com
gastos de R$ 500 milhões.
Ainda
assim, chama a atenção o fato que esta é a segunda vez, em duas semanas, que a
presidente vem à Bahia. É evidente que tal frequência tem como causa a tão
afobada quanto aflita campanha que vem realizando por todos os meios possíveis
– até pelo quase incrível discurso de propaganda, a título de saudação, ao papa
Francisco, no Palácio Guanabara – para recuperar, de modo sustentável (o que
talvez seja o mais difícil, esta sustentabilidade, da qual mais entende Marina
Silva) sua popularidade junto ao eleitorado brasileiro, após o desastre popular
e de desaprovação do governo que amargou no período maio – julho.
Em
artigo na Tribuna da Imprensa on
line, o articulista Carlos Newton chama a atenção para a análise do ex-prefeito
do Rio de Janeiro, César Maia, sobre as duas últimas pesquisas de opinião
política divulgadas pelo Ibope. César Maia é um estudioso e veterano
comentarista de pesquisas eleitorais e similares. A análise do ex-prefeito,
observa Carlos Newton, “vasculha a pesquisa no que ela tem de mais importante”.
Para César Maia, o que interessa mesmo são os índices de aceitação (ou
reprovação) do governo Dilma Rousseff e não as sempre badaladas respostas à
pergunta das pesquisas estimuladas, tipo “em quem votaria hoje? Fulana, Sicrano
ou Beltrano?”. Aliás, os índices das respostas a essa tipo de pergunta vão
depender muito, entre outras coisas, do grau de conhecimento dos nomes citados
na ocasião da pesquisa. E isso pode mudar muito na campanha eleitoral ou mesmo
antes.
O
ex-prefeito do Rio chama a atenção “para o fato de que o Ibope mostra que a
reprovação a Dilma Rousseff subiu em todos os aspectos” entre a pesquisa Ibope
de setembro e a de outubro. Assim: avaliação de Dilma Ruim+Péssimo: em
setembro, 22 por cento; em outubro, 26 por cento. Desaprovam Dilma: setembro,
40 por cento; outubro, 42 por cento; Não confiam em Dilma: setembro, 43 por
cento; outubro, 46 por cento.
Bem, se, existindo esses números, a quase totalidade da mídia
conseguiu dar a impressão, aos leigos em pesquisas, de que a
presidente Dilma Rousseff voa em céu de brigadeiro, aquela quase totalidade da
mídia é que está precisando deitar no divã para ser analisada.
Lembro-me
agora de uma frase célebre, pronunciada pelo então ministro da Fazenda do
governo Itamar Franco, embaixador Rubens Ricúpero, no famoso “episódio da
parabólica”, que o derrubou do cargo: “O que é bom a gente mostra, o que é ruim
a gente esconde”.
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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é
jornalista baiano.