Sexta, 25 de outubro
de 2013
Por Ivan de Carvalho
Enquanto na área governista
engalfinham-se quatro candidatos a governador [da Bahia] filiados ao PT – Rui Costa e José
Sérgio Gabrielli, Walter Pinheiro e Luiz Caetano –, além dos não petistas
Marcelo Nilo, presidente da Assembléia Legislativa, do PDT e senadora Lídice da
Mata, do PSB (para não relacionar Otto Alencar, do PSD, que proclama a
disposição de concorrer ao Senado, apesar de muitos o considerarem hipótese
para o governo), na oposição o processo está, pelo menos por enquanto, bem
menos agitado e sobretudo muito menos irritado.
Está muito claro que na linha de frente
das oposições estão dois nomes, o do democrata senador e ex-governador Paulo
Souto e o do peemedebista e ex-ministro de Lula, Geddel Vieira Lima, atualmente
vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal. Numa segunda
linha, três nomes são incluídos na relação, o do prefeito democrata de Feira de
Santana, José Ronaldo, o do secretário de Urbanismo e Transporte de Salvador,
José Carlos Aleluia (presidiu o DEM na Bahia e, antes, quando deputado federal,
foi vice-presidente nacional de seu partido para o setor de meio ambiente e
energia) e João Gualberto, do PSDB, ex-prefeito de Mata de São João e
empresário.
Vamos por as coisas de uma maneira
simples. Em política, tudo pode acontecer – é o que muitos dizem. Eu não diria.
Quase tudo pode acontecer, sim, mas não tudo. Uma das coisas que não podem
acontecer, porque a conjuntura não abre espaço para isto, é a candidatura de
João Gualberto representando as oposições na batalha eleitoral que estas vão
travar contra o situacionismo baiano. É que há nomes muito mais expressivos
politicamente e o PSDB é, na Bahia, um partido de dimensões restritas. Com
função importante pela posição de que desfruta em âmbito nacional, mas constituindo
em nível estadual um agrupamento modesto.
José Carlos Aleluia poderia emergir
como candidato a governador, no cenário atual, apenas se as articulações em
torno da escolha de um candidato único para DEM, PMDB, PSDB, PTN e outras
legendas que venham a se agregar a esse núcleo levarem a um nó cego. Quanto a
José Ronaldo, seria uma candidatura para valer, pois, afinal, ele tem o atual
mandato de prefeito da segunda maior cidade da Bahia a cumprir e pode ainda
reeleger-se para o cargo, caso uma emenda constitucional não lhe retire (e a
muitos outros em mandatos eletivos no Poder Executivo) essa possibilidade,
extinguindo a reeleição já com validade da nova regra para 2016 (prefeitos) e
2018 (governadores e presidente da República).
Mas na linha de frente das oposições estão
mesmo o ex-governador democrata Paulo Souto e o ex-ministro peemedebista Geddel
Vieira Lima.
Aí por junho, julho, agosto, pesquisas
eleitorais e de avaliação de popularidade de governantes e desempenho de seus
governos indicavam uma posição muito incômoda para o governador Jaques Wagner –
28 por cento de aprovação (bom e ótimo). Enquanto isso, Paulo Souto obtinha
índices estimulantes de intenção de voto, seguido, mas à distância, por Geddel
Vieira Lima.
Hoje, a situação está alterada. Paulo
Souto, segundo relatam pessoas ligadas a ele, experimentou uma fase de rejeição
da candidatura a governador, objetando – ele que já tem tempo de estrada, como
vice-governador, governador, senador e novamente governador, sem falar no
período de secretário estadual das Minas e Energia – que o eleitorado está em
busca “do novo”. Agora, no entanto, teria reconsiderado sua análise e estaria
admitindo concorrer ao governo.
Não
mais está, no entanto, na dianteira de Geddel, em relação a pesquisas eleitorais.
Uns seis pontos percentuais separam os dois, mas o que mais importa aí é que
Souto esteve em descenso, enquanto Geddel em ascensão. Com vários candidatos,
inclusive da área da oposição que é e da que pode vir a ser na relação dos
pesquisadores, ele já galgou uns 23 degraus da escada. Uma das análises (ou
especulações?) que políticos fazem dessa inversão da balança é a de que Souto
está se concentrando numa atuação cada vez mais intensa, mas bastante moderada,
enquanto Geddel estaria interpretando mais a “suposta insatisfação popular” com
críticas mais ácidas ao governo estadual. Geddel sustenta que a oposição
precisa ter somente um candidato. “Se Paulo Souto disser que quer ser
candidato, imediatamente tem meu apoio. Eu tiro a minha candidatura na hora”,
disse ele.
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da
Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.