Carlos Newton
O economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES no primeiro governo
 Lula e ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, está 
perplexo com o descaso da grande mídia no tocante ao polêmico leilão do 
Campo de Libra, realizado segunda-feira.
“Ao contrário dos que se propaga nos jornais, nas rádios e nas 
televisões, a questão judicial referente ao leilão ainda não está 
esgotada. Das 23 ações apresentadas, seis delas foram aceitas pela 
Justiça e estão tramitando. O que os juízes não aceitaram foram os 
pedidos de liminar para suspender o leilão. Mas nada impede que uma 
dessas seis ações seja vitoriosa e anule o leilão” – explica Lessa, que 
desde o início se colocou contra a decisão do governo e fez questão de 
prestigiar a manifestação de protesto diante do hotel onde foi realizado
 o leilão, na segunda-feira.
“Compareci ao ato vestido de preto, porque quando jovem participei da
 campanha “O Petróleo é Nosso” e nunca imaginei que alguma dia fosse 
participar do velório da Petrobras”, acrescenta o professor de Economia.
FAVORECIMENTO
Na opinião de Carlos Lessa, o governo do PT adotou totalmente a 
filosofia do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, que só não 
privatizou a Petrobras devido à forte reação que imediatamente 
surgiu.”Até o nome da Petrobras os tucanos tentaram mudar”, lembra.
O ex-presidente do BNDES destaca que a empresa francesa Total só 
entrou no leilão depois que o governo anunciou a nomeação de um tucano 
para presidir a nova estatal Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), criada para 
coordenar a gestão e fiscalizar a exploração de petróleo dos campos do 
pré-sal no regime de partilha.
“Somente depois de anunciado o nome do engenheiro Oswaldo Pedrosa é 
que a Total decidiu participar”, diz Lessa, lembrando que Pedrosa era o 
segundo nome da Agência Nacional de Petróleo no governo FHC, logo abaixo
 do genro do então presidente da República.
Lessa estranha também que a grande mídia não tenha dado destaque ao 
fato de que a greve dos petroleiros não era apenas visando aumento de 
salários, mas também contra o leilão do Campo de Libra e contra a 
terceirização que avança na Petrobras, onde já trabalham mais de 300 mil
 pessoas nessa condição de subemprego.
Fonte: Tribuna da Imprensa 
 
 
 
