Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Os homens se comunicam por baixo do mar


 Sexta, 25 de outubro de 2013
Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
Ficou sem sinal de internet? Pode ser uma baleia enrolada em um cabo submarino. Pulsos de luz embaixo do oceano transmitem 99% da comunicação global

Aos olhos de uma civilização extraterrestre, a nossa sociedade poderia ser identificada como a de criaturas que se comunicam por baixo do mar. 99% das comunicações entre continentes acontecem na forma de pulsos de luz embaixo do oceano, que viajam através dos 900 mil km de cabos submarinos que rodeiam o planeta e chegam aos lugares mais isolados. Há cabos que cruzam da Alemanha à Coreia do Sul e do Reino Unido ao Japão, e outros que conectam o Ártico ou as remotas ilhas do Pacífico. Uma infraestrutura gigantesca que permite que falemos em tempo real de um extremo ao outro do globo.

O engenheiro Paul Deslandes trabalhou durante os últimos 15 anos na instalação de cabos de fibra ótica e viveu as situações mais pitorescas. “Em Suriname”, lembra, “encontramos uma anaconda junto com os cabos. E em Guiné, um grande crocodilo em um manguezal”. Em 2004, Deslandes participou da instalação do cabo de 2.700 km que une a Noruega com as ilhas de Svalbard, no Ártico, a 600 metros de profundidade. “Os habitantes destes lugares”, conta, “se surpreendem quando nos veem porque pensam que as comunicações vêm por satélite, não que emergem de uma praia”.


Segundo dados do ICPC (International Cable Protection Committee), o Comitê Internacional para Proteção dos Cabos, cada ano acontecem entre 100 e 150 cortes de cabos submarinos, com consequências para a comunicação de diferentes regiões. “Os danos são provocados sobretudo por âncoras de barcos ou deslocamentos de terra causados por atividade sísmica”, assegura John Walters, chefe de manutenção da Global Marine, uma das principais empresas de reparação de cabos submarinos. Sua companhia dispõe de sete navios no Atlântico, no Pacífico e no Índico e cada uma das embarcações, segundo o site espanhol lainformacion.com , realiza uma dúzia de reparações por ano.