Terça, 29 de outubro de 2013
Da UNB Agência
Servidores
 públicos com menor grau de escolaridade e menos possibilidade de 
movimentação entre órgãos são os que possuem rendimento mais baixo
Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações
A
 pesquisadora analisou uma amostra com dados de 1.156 servidores de 
carreira nas áreas de Políticas Públicas, Gestão, Planejamento, 
Orçamento, Tecnologia da Informação, Fiscalização e Controle. Utilizou, 
ainda, informações fornecidas pelo Ministério do Planejamento, Orçamento
 e Gestão sobre ministérios, autarquias e fundações. A metodologia 
aplicada foi a multinível, conhecida em pesquisas na área de Educação, 
mas pouco utilizada na Gestão Pública. 
Entre as 
variáveis estudadas, o grau de escolaridade e a possibilidade de o 
servidor se movimentar entre órgãos (mobilidade) mostraram-se relevantes
 para o desempenho do trabalho. São igualmente significantes os 
investimentos que a organização faz em ações de treinamento e 
desenvolvimento, a existência de uma cultura que estimule a aprendizagem
 e o compartilhamento de conhecimentos, além de graus elevados de 
comprometimento com a organização e com a carreira. 
Outros
 fatores não se mostraram relevantes. “Ao contrário do que se propaga, o
 tempo médio na carreira, a idade do servidor e o cargo gerencial 
ocupado não se revelaram significativos para o desempenho relacionado à 
tarefa e ao contexto. Significa que servidores recém-ingressos no 
serviço público, ou os mais jovens, podem desempenhar competências com o
 mesmo grau de complexidade que servidores com idade e tempo de carreira
 superiores", diz a pesquisadora.  
DESEMPENHO - O
 estudo defendeu a existência de dois tipos de desempenho: um 
relacionado à própria atividade que o servidor executa; e outro, às 
atividades que não contribuem diretamente para os aspectos técnicos do 
trabalho, mas para a melhoria do ambiente social e psicológico. Esse 
desempenho inclui, por exemplo, ajuda aos colegas da organização, fazer 
sugestões sobre como melhorar procedimentos organizacionais e 
proatividade.
A participação significativa de 
variáveis contextuais aliada a indicadores mais específicos, como a 
proporção de servidores concursados, revelam que o desempenho do 
servidor público depende, também, de políticas adotadas pelo próprio 
Estado, como a priorização de ingressos por meio de concurso público e a
 redução dos cargos comissionados sem vínculo.
DESAFIOS -
 A pesquisadora explica que a sociedade espera melhor desempenho dos 
servidores públicos, mas para isso é necessária uma política de recursos
 humanos que incentive o desenvolvimento desses trabalhadores por meio 
da pós-graduação e estimule a atuação em organizações distintas, com 
vista a ampliar a mobilidade.
A melhoria do 
desempenho depende de incentivos do próprio governo. “Entretanto, como 
em toda área de gestão – e mais especificamente em recursos humanos – as
 políticas se baseiam em intuição ou em práticas que acreditam serem 
válidas, mas sem evidência. Não se reconhece a existência de estudos 
sérios e com muita densidade teórica e metodológica sobre o serviço 
público e o desempenho dos seus servidores”, explica Aleksandra.  
Trata-se,
 segundo a pesquisadora, de incentivar o sistema de mérito 
pela estruturação de carreiras, cujos servidores devem ser selecionados 
por concurso público e mantidos com base em critérios de mérito que 
levem em conta a capacidade de mediar conflitos, atuar no contexto e 
orientar as respectivas organizações públicas por valores éticos e 
democráticos.
 
 
 
