Sábado, 6 de setembro de 2014
Nota passou de 3,9 para 3,8; MEC estabeleceu meta de 4,1 pontos.
Secretaria de Educação diz que a culpa é de gestões anteriores.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgado nesta
sexta-feira (5) pelo Ministério da Educação aponta uma queda na
qualidade do ensino da rede pública do Distrito Federal,
nas séries finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano). A nota
atribuída às escolas distritais passou de 3,9, em 2011, para 3,8 na
medição feita em 2013. A meta estabelecida pelo MEC era de 4,1.
O Ideb é um indicador geral da educação nas redes privada e pública.
Foi criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e leva em conta dois fatores que
interferem na qualidade da educação: rendimento escolar (taxas de
aprovação, reprovação e abandono) e médias de desempenho na Prova
Brasil, em uma escala de 0 a 10.
Assim, para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula.
O subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação Educacional
da Secretaria de Educação do DF, Fábio Pereira de Sousa, afirma que o
baixo índice é resultado do sucateamento registrado em anos anteriores.
"Os alunos vêm há um bom tempo sofrendo com a falta de currículo.
Estamos implementando novas diretrizes pedagógicas, mas ainda é cedo
para medir resultados", diz.
Somando as redes pública e privada de ensino do DF, a nota do Ideb para
as séries finais do fundamental em 2013 é de 4,4 – a mesma registrada
em 2009 e 2011. A manutenção foi puxada pelas escolas particulares que
registraram alta de 0,3 ponto nos últimos quatro anos, atingindo 6,1 na
avaliação do ano passado.
O melhor resultado do DF foi registrado nas primeiras séries do ensino
fundamental, do 1º ao 5º ano. Tanto na comparação da rede pública quanto
na comparação de todas as instituições de ensino, a capital superou os
índices registrados em 2011 e a meta prevista para 2013.
Segundo Sousa, a secretaria de Educação do DF está satisfeita com os
resultados alcançados no Ideb. "Superamos a meta dos anos iniciais, é um
resultado que viemos construindo. Nos anos finais, conseguimos melhorar
o índice de aprovação e diminuímos a evasão escolar", afirma. Para ele,
a queda registrada no índice do 9º ano em escolas públicas está "dentro
do desvio padrão reconhecido pelo MEC".
Ensino médio
O DF também não atingiu a meta proposta pelo MEC na avaliação do 3º ano
do ensino médio. Considerando apenas a rede pública de educação, a nota
de 2013 é de 3,3, abaixo da meta de 3,6. Em 2011, a nota para esse
setor foi de 3,1.
O resultado é inferior, inclusive, à média nacional do ensino público,
que atingiu 3,4 para o Ensino Médio. A meta prevista para este recorte
era a mesma, de 3,6.
O ministro da Educação, Henrique Paim, afirmou nesta sexta que os
resultados do Ideb para o ensino médio refletem o fato de que as
políticas voltadas a esse nível de ensino são mais recentes do que as
relativas aos anos iniciais e finais do ensino fundamental. "A maioria
dos educadores sabe que precisamos rever o ensino médio", disse.
Sem reprovação
Entre as novas medidas citadas pelo subsecretário, que teriam resultado
em avanço nos índices do Ideb, está o sistema de ciclos de aprendizagem
na educação básica. O método é um tipo de progressão continuada, em que
os alunos não podem ser reprovados ao final de cada ano letivo.
Os ciclos de aprendizagem foram questionados pelo Ministério Público do
DF em 2013, quando o governo definiu sua implantação. Segundo a
promotora de Justiça da Promotoria de Defesa da Educação, Márcia Pereira
da Rocha, a demora no julgamento impediu que a contestação tivesse
sucesso.
"Infelizmente, o ritmo de julgamento não acompanhou a urgência do
processo, e o governo apresentou mil recursos. Quando a decisão saiu, em
agosto, vimos que o ano já tinha passado, e muitas crianças já estavam
no sistema. Acabamos fazendo um acordo judicial, e seguimos acompanhando
as medidas que solicitamos ao poder público", explica.
Segundo o subsecretário Sousa, os alunos das escolas que adotam o
sistema só enfrentam uma possível reprovação no 5º e no 9º ano do ensino
fundamental -- justamente os períodos avaliados pelo Ideb. "Isso prova
que o sistema dá certo. Se as crianças chegassem ao fim do ciclo sem ter
aprendido, as reprovações iriam aumentar e a nota do Ideb iria
despencar", afirma.
saiba mais
- Ideb fica abaixo da meta no ensino médio e no ciclo final do fundamental
- 'Precisamos rever o ensino médio', diz ministro da Educação sobre Ideb
- Veja as notas do Ideb 2013 no ensino médio em todos os estados
- Veja o resultado do Ideb no site do Inep
- Opinião: Ensino médio é o grande gargalo da educação brasileira, diz Andrea Ramal
===============
Comentário do Gama Livre: Uai! Acho que vi um governador dizendo no último debate na TV que melhorou a educação. Vem agora a divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e desmente o candidato? É só descendo!