Quinta, 11 de setembro
de 2014
Elaine Patricia Cruz –
Repórter da Agência Brasil
A
candidata do PSOL à Presidência da República, Luciana Genro, visitou hoje (11)
duas ocupações de sem-teto em São Paulo. A primeira visita foi à Ocupação
Urbana Anchieta, no Parque São Miguel, e a segunda, à área chamada Chico
Mendes, ocupada recentemente no Morumbi, zona sul da capital paulista.
“Temos
um grave problema habitacional, e as ocupações são resultado do aumento do
déficit habitacional, apesar do Programa Minha Casa, Minha Vida, que não
conseguiu solucionar o problema. Primeiro, porque o país não tem, há muitos
anos, uma Lei do Inquilinato que coíba os aumentos abusivos do aluguel",
afirmou Luciana.
A
candidata defendeu também a necessidade de cumprimento do Estatuto da Cidade,
no que diz respeito à desocupação e sanção. "Quando o terreno, há mais de
cinco anos, não cumpre sua função social, deve ser desapropriado”, disse ela,
em conversa com jornalistas durante a visita à Ocupação Chico Mendes.
Para
Luciana, é preciso fazer mudanças no Minha Casa, Minha Vida para tentar
solucionar o problema do déficit habitacional. “O programa terceirizou para as
empreiteiras a política habitacional do país, que é o que define onde, como e
quando construir. Precisamos que o movimento popular de luta por moradia tenha
protagonismo nas decisões e na implantação da política habitacional do país.”
Nas
duas áreas visitadas nesta quinta-feira, Luciana disse ter observado que as
famílias vivem em situação muito precária. “As pessoas vivem em barracas de
lona preta, ou de madeira, muito improvisadas. As condições de saneamento são
péssimas. Mas isso não é uma escolha, é uma imposição, fruto do descaso dos
governos”, afirmou.
No
final da tarde de hoje, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), que fazem parte da Ocupação Chico Mendes, participaram de um ato
simbólico contra alguns moradores do Morumbi que, segundo eles, têm atirado
pedras e bombas contra as famílias que estão na área. Simone Silva, integrante
do MTST, disse que objetivo do ato era mostrar que as “famílias estão dispostas
a lutar por seus direitos”.
De
acordo com Simone, isso tem ocorrido porque a presença dessas famílias incomoda
os moradores dos prédios ao redor da ocupação. “Não estamos causando problemas
para eles, mas eles estão. Jogaram bombas, pedras e fizeram xingamentos.
Falamos para [os sem-teto] não revidarem, mas até quando eles vão suportar
serem hostilizados dessa forma e não tomar nenhuma atitude?”, perguntou Simone.
“Não
estamos no terreno deles ou na área de lazer deles. Eles, simplesmente, não
querem ver esse mar de lonas pretas aqui. Eles têm que começar a respeitar as
famílias que estão aqui dentro, que estão aqui por causa do sistema. Ninguém
quer ficar embaixo de uma lona preta, debaixo do sol, porque acha lindo. As
pessoas vêm para cá porque é a última esperança da vida delas, de ter uma
moradia digna”, afirmou.
Simone
calcula que há cerca de 1,2 mil barracos no local e disse que há uma lista de
espera com mais de 200 pessoas. O terreno ocupado pelos sem-teto desde a última
sexta-feira (5) estava abandonado, mas já sofreu deslizamentos há alguns anos e
isso, segundo Simone, gera preocupação para as famílias. “A Defesa Civil esteve
aqui e explicou o que houve. Sabíamos que tinha acontecido essa tragédia. A
orientação foi para não colocar barraco na área do morro, que pode estar em
risco caso chova. Estamos removendo e colocando essas famílias para baixo para
garantir a segurança”, informou.