Quinta, 6 de novembro de 2014
Do Portal Notibras
Uma auditoria feita pela Controladoria Geral do governo do Distrito
Federal aponta indícios de desvio de R$ 30 milhões do sistema de
bilhetagem automática do DFTrans. Segundo a denúncia, o esquema envolve
empresas fantasmas, concessionárias do transporte público e a própria
autarquia. As irregularidades teriam ocorrido entre 2008 e 2014. O
diretor do órgão, Jair Tedeschi, diz que já foram adotadas providências.
“O sistema permite que você tenha filtros em que você identifique o que está acontecendo e travas”, explicou Tedeschi. “Dá erro lá, cancela, tira do sistema o cartão ou a empresa que está agindo de forma irregular. O que foi percebido foi levado para as autoridades da área de polícia para que se iniciasse a investigação.”
A apuração começou em maio deste ano e terminou no fim de agosto. O
relatório tem 50 páginas e traz uma possível fraude nos cartões de
vale-transporte, que são distribuídos pelas empresas para os
funcionários que usam coletivos. O esquema envolveria o DFTrans,
empresas de ônibus e quatro empresas fantasmas. Uma delas foi criada com
o nome e endereço de um departamento da própria autarquia – a
Assessoria Jurídica Legislativa.
De acordo com os auditores, as empresas fantasmas fechavam contrato
com o DFTrans, mas não pagavam o valor das passagens para o órgão, como é
determinado por lei. Ainda assim, a autarquia liberava os créditos para
os cartões que deveriam ser usados por funcionários dessas empresas
fantasmas.
A investigação apontou que os cartões foram usados milhares de vezes de forma irregular, não sendo usados por passageiros nos ônibus do sistema de transporte público. Quando o crédito dos cartões terminava, o DFTrans repassava o valor equivalente às concessionárias que participavam da fraude. O dinheiro, então, segundo a auditoria, era dividido entre os envolvidos no esquema.
O relatório apontou ainda que os cartões dos usuários eram
abastecidos com valores altos e usados várias vezes, acima do limite
permitido em lei e em curtos espaços de tempo. Um único documento chegou
a fazer mais de mil viagens por dia. Em 2 de março, foram 1.045
transações, no valor de R$ 3.135. Em 26 de março, o cartão foi usado
outras 1.041 vezes e gastou R$ 3.123. No dia 12 de agosto, 1.024 vezes,
com ônus de R$ 2.355,20.
Ainda de acordo com o relatório, outro cartão foi usado 35 vezes em
88 segundos. Os auditores constataram ainda ausência de relatórios
mensais de atividades e de medição para comprovar os serviços prestados.
O diretor do DFTrans, que assumiu o cargo em maio, disse que já
afastou funcionários suspeitos de envolvimento na fraude. O caso também é
investigado pela Polícia Civil.