Segunda, 24 de
novembro de 2014
Da Tribuna da Imprensa
Por Daniel Mazola
Perto
de iniciar a oitava fase da Operação Lava Jato, na qual os alvos são mais de
300 políticos citados em várias delações premiadas, Judiciário e Polícia
Federal seguem na maior ação policial já vista na República desde a sua
fundação, há 125 anos.
Além
dos já conhecidos empresários, funcionários da Petrobras, grandes empreiteiros,
lobistas e parlamentares que aparecem no inquérito, outros 250 parlamentares e
cerca de 50 líderes partidários teriam sido citados pelos delatores, segundo
vazamentos publicados nos jornais da chamada “grande mídia”. À medida que
avançam as investigações e a divulgação de trechos dos depoimentos de Paulo
Roberto Costa e Alberto Youssef, mais nomes são apresentados à opinião pública.
O
juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações, ressaltou no despacho que
determinou a prisão preventiva do lobista Fernando Baiano, e que ainda não é
possível partidarizar os envolvidos na operação, pois ainda não são conhecidos
o alcance e a duração do esquema: “Aqui não se faz crítica partidária, pois se
desconhece ainda o alcance e a duração da prática criminosa”, diz ele.
O
fato é que já passou da hora de se quebrar a blindagem dos corruptos e
corruptores da “república brasileira dos banqueiros-empreiteiros”. Os partidos
também precisam ser responsabilizados.
Os
investigadores da Operação Lava Jato tentam obter provas concretas de que parte
da propina que seria paga por empreiteiras, em negociatas com contratos
superfaturados na Petrobras, pode ter se revertido para uma sutil compra de
votos na recente eleição presidencial. Alguns dos depoentes teriam revelado que
as construtoras fizeram pagamentos de "premiações" a seus empregados,
principalmente em grandes obras nas regiões Norte-Nordeste, como incentivo
indireto para um descarrego de votos em Dilma Rousseff.
Essa
suspeita de emprego do dinheiro de propina para "investimento"
indireto, disfarçado e ilegal na campanha eleitoral é um dos pontos mais
delicados em fase de apuração pela força tarefa que cuida da lava Jato. O temor
de que tal assunto vaze (configurando crime eleitoral capaz de gerar um pedido
de impugnação da chapa presidencial Dilma-Michel Temer) já chegou à cúpula do
governo. A ordem de cima é para abafar tal suspeita, custe o que custar.
O
medo, ou melhor, o cagaço é tanto que alguns assessores próximos à Presidente
Dilma Rousseff têm feito, nos bastidores, falsos elogios à atuação do juiz Sérgio
Fernando Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba. A tática é não provocar a ira
do Homem de Gelo que tem muitas frentes abertas até agora em mais de 10
processos conduzidos sob a eficiente lógica da "transação penal", com
colaborações premiadas que geram provas concretas para condenação. As caixas
pretas desse país precisam ser abertas, sem exceções!
CONFLITO NA UCRÂNIA
Em
21 de novembro de 2013, há um ano, a Ucrânia era palco de manifestações –
conhecidas como Euromaidan - que exigiam o acordo com a União Europeia para
submeter o país ao FMI e integrá-lo a OTAN, tratado que incluía o rebaixamento
de salários e congelamento de pensões, aumento do preço do gás, fim dos
investimentos no setor agrícola e de energia.
Em
Kiev as estátuas de Lênin eram derrubadas, bandeiras vermelhas queimadas e os
protestos exigiam a renúncia do então presidente Viktor Yanukovych, homem
próximo a Vladimir Putin. Um artigo que publiquei no Mídia Democrática dizia:
“Ucrânia, uma nova ‘revolução laranja’ made in CIA a serviço de acomodar os
interesses capitalistas na antiga república soviética?”.
Diante
do silêncio de praticamente toda a esquerda, está colocado para o proletariado
mundial e, particularmente, para os trabalhadores das ex-repúblicas soviéticas
rechaçarem as investidas da UE, dos EUA e de seus agentes da Ucrânia. Apesar de
não acreditar e muito menos confiar no governo burguês ucraniano de Viktor
Yanukovych e do ex-burocrata (KGB) Putin-Medvedev, cuja conduta está voltada a
defender os interesses da nascente burguesia russa, as fricções com a Casa
Branca objetivamente representam um obstáculo à expansão guerreirista da OTAN
na região.
Nesse
sentido, os verdadeiros lutadores revolucionários devem denunciar as
manifestações dos grupos pró-imperialistas e seu caráter contrarrevolucionário,
voltado a fazer na Ucrânia e na própria Rússia uma ‘transição democrática’
conservadora aos moldes da que vem sendo operada no Oriente Médio.
Hoje,
o que se vê é a divisão do país a serviço do imperialismo com ataques com as
chamadas “repúblicas populares” que desejam seguir o caminho da Criméia e se
unificar com a Rússia. O objetivo desse processo é armar uma provocação
permanente contra a Rússia para fragilizar o bloco militar que pode se
contrapor ao poderio bélico ianque.
Até
agora 4.317 pessoas já morreram e outras 9.921 ficaram feridas, segundo o mais
recente relatório da missão de direitos humanos da ONU, apresentado na ultima
sexta-feira.
Os protestos que adquiriram contornos
fascistas e chegaram a perseguir comunistas e anarquistas, assassinando seus
militantes, é a imposição de um enorme retrocesso para o país, que se tornou
totalmente dependente dos monopólios capitalistas.
* Com informações da LBI-QI.