Por Celso Lungaretti
Um slogan de outrora: "hoje mocinho, amanhã bandido". |
A seção Filmes para ver no blogue
inclui obras que trazem informações importantes para se conhecer a
história deste país, mesmo que desagradáveis como o documentário Cidadão Boilesen
(d. Chaim Litewski, 2009), por se referir ao personagem paradigmático
da participação de empresários no financiamento dos órgãos de repressão
durante a ditadura de 1964/85: Henning Albert Boilesen, presidente do
grupo Ultra. Nada contra o (correto) trabalho de Litewski, mas seu
biografado revira o estômago de qualquer homem de bem.
A Operação Bandeirantes foi criada em junho de 1969 para combater a luta
armada em São Paulo com utilização sistemática e ilimitada da tortura e
licença para matar,
travando a guerra suja com métodos tão imundos que as próprias Forças
Armadas inicialmente relutaram em ficarem identificadas com eles.
Como se manipulava: ele não foi justiçado por ser industrial. |
Assim, tendo oficiais do Exército (atuando sempre à paisana) no comando e
policiais civis como subalternos, instalou-se nos fundos de uma
delegacia paradoxalmente instalada no bairro paulistano do Paraíso.
Meu companheiro de movimento estudantil e militância revolucionária
Gilson Theodoro de Oliveira, falecido há alguns meses, teve a duvidosa
honra de ser o primeiro preso político torturado na Oban, ainda na fase
de testes.
Como sua existência era real e não legal, não podia receber verbas da
União e os custos da bestialidade foram, num primeiro momento, bancados
por endinheirados reaças
como o Boilesen, que assim adquiriam o direito de presenciarem o
edificante espetáculo das torturas, realizando o sonho da maioria dos
sádicos: o de verem pessoas nuas sendo brutalizadas. Segundo consta,
Boilesen era um dos que assistiam, mas não chegava ao extremo de querer
participar também, como alguns mais depravados faziam questão.