Segunda, 7
de dezembro de 2015

André Richter
- Repórter da Agência Brasil
Um ano e dois meses após proferir a primeira sentença na
Operação Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em
Curitiba, contabiliza 57 condenações de pessoas investigadas. A informação
consta de um balanço divulgado hoje (7) pela Justiça Federal. Somadas, as penas
dos envolvidos no esquema de desvios na Petrobras chegam a 680 anos, oito meses
e 25 dias de prisão.
Entre os condenados pelo juiz estão o doleiro Alberto
Youssef, os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e
Renato Duque, além de executivos das maiores empreiteiras do país. A primeira
sentença ocorreu em outubro do ano passado, quando foi condenado Carlos Habib
Charter, dono de um posto de combustível e de um Lavo Jato em Brasília, que
inspirou o nome da operação, e ex-funcionários dele.
Enquanto as condenações passam de cinco dezenas na Justiça
Federal em Curitiba, os tribunais superiores ainda não determinaram a abertura
de nenhuma ação penal contra investigados com prerrogativa de foro e que só
podem ser processados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo
Tribunal Federal (STF).
No STF, 68 pessoas são investigadas na Lava Jato, entre elas
23 deputados federais, 14 senadores, um ministro de Estado e um ministro do
Tribunal de Contas da União (TCU). As demais não têm foro por prerrogativa de
função, mas são processadas pela Corte por ligações diretas com parlamentares.
As primeiras denúncias contra parlamentares chegaram ao Supremo em março deste
ano.
De acordo com levantamento mais recente da
Procuradoria-Geral da República (PGR), atualizado no mês passado, foram
recuperados para os cofres públicos até o momento R$ 1,8 bilhão. Foram
assinados 35 acordos de delação premiada e 116 mandados de prisão foram
cumpridos.
As investigações preliminares da Lava Jato começaram em
2009, a partir da apuração do envolvimento do então deputado federal José
Janene (PP), que morreu em 2010, com os doleiros Alberto Youssef e Carlos Habib
Charter.
Em 2013, a Polícia Federal descobriu quatro organizações
criminosas, todas comandadas por doleiros. Com base no monitoramento dos
suspeitos, os investigadores chegaram a Paulo Roberto Costa, que recebeu um
veículo da marca Land Rover como presente do doleiro Alberto Youssef.
A partir daí, por meio de depoimentos de delação premiada,
os investigadores descobriram a participação de dirigentes de empreiteiras, que
organizaram um clube para combinar quais empresas participariam das licitações
da Petrobras.
Além de Marcelo Odebrecht, presidente da Empreiteira Odebrecht,
e de Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, ainda estão presos o ex-diretor da
Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o ex-diretor de Serviços Renato
Duque e Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar por ter delatado o
esquema de corrupção na estatal.
De acordo com as investigações, o PP, PT e PMDB eram
beneficiados com recursos de contratos superfaturados da estatal. Os partidos
negam que tenham recebido recursos oriundos de propina.
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