Sábado, 11 de junho de 2011
Por
Ivan de Carvalho
Um
telefonema do ex-deputado e ex-ministro Geddel Vieira Lima, ex-presidente e
principal liderança do PMDB da Bahia, veio mostrar que mesmo este repórter, que
nos últimos dias múltiplas vezes chamou a atenção para o fato de que as
aparências frequentemente enganam, conseguiu escapar a esta realidade.
Na
quinta-feira, afirmei, entre outras coisas, que as maiores dificuldades para
uma aliança ampla das oposições, envolvendo PSDB, PMDB, DEM, PR e PPS, pelo
menos, já no primeiro turno das eleições para a prefeitura de Salvador e,
depois, para as eleições majoritárias de 2014 estão no PMDB e no PR.
Tais
dificuldades residiriam no fato de que as duas legendas, ao contrário das
demais acima citadas, integram a aliança que dá sustentação ao governo Dilma
Rousseff, um governo basicamente do PT. Afirmei ainda que as duas legendas
poderiam sem problemas lançar candidatos próprios nas eleições municipais e
estaduais baianas (ou se coligarem, acrescentaria agora), mas seria difícil se
aliarem, apoiando, na Bahia, candidatos de partidos que fazem oposição não só
ao governo estadual como ao federal. O problema se agravaria pelo fato de
estarem atualmente sem mandato eletivo tanto Geddel quanto o presidente
estadual do PR, ex-senador e ex-governador César Borges.
“Não
temos nenhuma dificuldade em conversar e, se for o caso, chegar a coligações
com essas legendas (PSDB, DEM e PPS). Aprendemos isso com o governador Jaques
Wagner, quando apoiou a candidatura de Antonio Imbassahy a prefeito, indo mesmo
à convenção e fazendo discurso de apoio, sendo o candidato Imbassahy do PSDB,
principal partido de oposição ao governo federal, então chefiado pelo
ex-presidente Lula”.
“O
compromisso do PMDB da Bahia é com o projeto nacional do PMDB e, neste, o que
há é uma aliança com o governo Dilma Rousseff, um apoio e participação neste
governo. Não é uma aliança com partidos e esse compromisso (do PMDB com o
governo federal) não tem qualquer conotação eleitoral.”
O líder
peemedebista poderia ter dito isto e já teria dito o suficiente para esclarecer
a questão e mostrar que aparências enganaram (no caso, a este repórter). Mas
então ele acrescentou que seu jogo “é aberto”, disse que é claro que se o PMDB
da Bahia puder ter candidato próprio (a prefeito de Salvador, por exemplo), não
vai ficar com cerimônia, é mais agradável. Mas se convier coligar-se com
legendas que fazem oposição ao governo federal (além do estadual, claro), não
tem o menor motivo para não fazer isto.
E foi
adiante. “Para o PT, receber o apoio de qualquer partido, vale, seja quem for,
mas para o PT apoiar não é assim”, disse, para completar no mesmo fôlego: “Eu
converso com todo mundo. Não tenho nenhuma dificuldade pessoal ou partidária
para costurar as alianças que nós do PMDB acharmos convenientes para o nosso
estado e a nossa capital”. E absolutamente explícito: “Vamos conversar com os
partidos que fazem oposição ao governador Wagner. Ele mesmo nos ensinou isto
quando apoiou Imbassahy, de importante partido de oposição ao governo de
Lula.”.
E para
completar, referindo-se ao apoio nacional do PMDB (o que inclui a seção baiana)
ao governo federal: “Não tenho amarras. O compromisso não é verticalizado”.
Taí. É isso.
Acho que por enquanto.
- - - - - - -
- - - - - - - -
Este artigo
foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de
Carvalho é jornalista baiano.