Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

‘O Estado, a cada manifestação que passa, só deixa mais claro que declarou guerra à população’

Terça, 1 de outubro de 2013
Escrito por Gabriel Brito e Raphael Sanz, da Redação  
Do Correio da Cidadania
“Não vai parar, não tem mais volta. Isso que aconteceu no Brasil foi uma ruptura, tanto pra escancarar a democracia disfarçada que temos, como pra fazer nossas reivindicações serem ouvidas de uma vez por todas”, resume ao Correio da Cidadania o advogado Luiz Guilherme Ferreira, um dos responsáveis por tirar da prisão os manifestantes detidos arbitrariamente, quando não a esmo, pela polícia militar, durante os protestos que o Brasil vem registrando.

Como se sabe, a brutalidade policial e seus traços de Estado de Exceção deram o tom dos atos realizados pelos estados brasileiros, no último dia 7 de setembro, mantendo na ordem do dia as pautas colocadas na mesa pela população a partir das jornadas de junho. Depois disso, o governo carioca sancionou lei que proíbe máscaras em atos de rua, em clara tentativa de criminalizar os militantes black blocks, sob as escusas de praticarem “vandalismo”, como bombardeia a mídia incessantemente.

Por outro lado, tal postura, hipócrita diante da omissão face as brutalidades do aparato de guerra do Estado, atesta que os poderes dominantes do país já estão em franco conluio pelo esvaziamento dos atos, que, lembre-se, repudiaram raivosamente antes do ponto de viragem. Para Ferreira, apenas mais um ato de criminalização da luta social, o que é comprovado pela postura arbitrária e obscurantista do Estado, através de sua polícia e delegacias, com seus inúmeros abusos sobre os direitos das pessoas, como descreve o membro dos Advogados Ativistas ao longo da entrevista.

Apesar da contra-ofensiva repressora, Ferreira não hesita em estimular as pessoas a continuarem no exercício de livre manifestação, inclusive radicalmente, esperando que o movimento se intensifique em 2014. “Vá pra rua como quiser, esse direito ainda está garantido, manifestar-se na rua, ainda, não é crime. Portanto, vá pra rua, com sua máscara, como quiser, de forma violenta ou não. Se for violento, o Estado não está autorizado a brutalizar sobre ninguém por algum crime. Faça o que pensa que vá modificar alguma coisa. Quer só levantar cartaz, levante, quer jogar pedra na polícia, também pode jogar. Não estou incitando nada disso, mas são coisas que acontecem e as manifestações estão aí pra deixar claro, os fatos estão aí provando o que ocorre nas ruas. E o Estado não está autorizado a cometer brutalidades contra o cidadão. Pelo contrário, o Estado já tem mecanismos, há muito tempo, instaurados na sociedade a fim de absorver esse tipo de atitude”, explica.