Sexta, 11 de outubro
de 2013
Por Ivan de Carvalho

Rui Costa citou ele mesmo, o senador
Walter Pinheiro e o ex-prefeito de Camaçari e ex-presidente da UPB, Luiz
Caetano. Deu um apagão em Gabrielli, que até onde se sabia está vivo na disputa
e, embora não conte com as preferências da presidente Dilma Rousseff, é
notoriamente o candidato desejado por Lula para governador da Bahia nas
próximas eleições. E pode-se dizer que, até por isso mesmo, é o candidato
preferencial do comando nacional do PT.
Na entrevista referida, o jornalista
Osvaldo Lyra percebeu que o nome do secretário de Planejamento, José Sérgio
Gabrielli, aspirante ostensivo a ser o candidato do PT a governador, não foi
incluído na relação analisada pelo secretário Rui Costa, chefe da Casa Civil e
candidato que todos sabem ser o preferido do governador Jaques Wagner.
Diante desse esquecimento, o jornalista
entrou com uma questão a que estava obrigado sob pena de omissão de socorro e
pergunta: “O senador Walter Pinheiro, o
ex-prefeito Luiz Caetano e o secretário de Planejamento José Sérgio Gabrielli,
pressionam por uma definição sobre quem será o representante do governo em
2014. Como favorito, como vê essa pressão?”. Mesmo com a citação nominal de
Gabrielli, Rui Costa dá uma resposta genérica, sem citar o nome de nenhum dos
aspirantes, com o que evita citar o de Gabrielli. Estava confortável para fazer
isto, pois o seu próprio nome e os de Walter Pinheiro e de Luiz Caetano já
haviam sido gentilmente citados.
Quem lê a entrevista de Rui
Costa dá a impressão que ela foi concedida exatamente em um momento em que se
queria passar três mensagens ao próprio PT, daqui e d`alhures: uma, de que,
embora ninguém esteja no momento cobrando, não adianta mesmo ensaiar a cobrança,
pois não serão admitidas eleições prévias no PT para escolha do candidato a
governador.
A segunda mensagem: se Rui
Costa, ligadíssimo ao governador, só fala em nomes do PT, não dando um pio a
respeito de eventuais candidatos ao governo, como Marcelo Nilo, do PDT e Otto
Alencar, do PSD, é porque o comando estadual (e neste detalhe até o nacional)
do PT não consideram a hipótese de o PT não ter candidatura própria a
governador na Bahia.
A terceira mensagem é mais
importante. A candidatura de José Sérgio Gabrielli não está sendo considerada
pelo comando do PT estadual, especialmente pelo governador, embora haja recebido
recentemente apoio de segmentos da CUT, talvez um recado vindo direto do
Instituto Lula. Isto significaria que as aspirações ao governo do senador
Walter Pinheiro e do prefeito Luiz Caetano estariam sendo consideradas? No meu
entendimento, e com base também em outras fontes além da entrevista de Rui
Costa, não.
Elas entraram na entrevista
porque não seria de bom tom o pré-candidato Rui Costa dizer algo como “os
pré-candidatos são eu, eu e eu”. Então disse isso de um modo diferente,
confiando em que, para bom entendedor, um terço de palavra basta.
Junte-se isso com o que
contou ontem o jornalista Raul Monteiro, editor do site Política Livre. Uma reunião no Palácio de Ondina, na segunda-feira,
convocados representantes das quatro principais tendências petistas. Com
reafirmação do governador de que o controle do processo sucessório estadual no
âmbito do PT é seu e não comporta interferências externas (de fora do estado,
dá para entender). E com a advertência, mesmo sem citar nome, de que todos
sabem quem é o seu candidato a governador. É fato: todos sabem que é Rui Costa.
A hipótese de prévias para escolha do candidato também foi descartada pelo
governador. E, afinal, sugeriu Wagner que, para ficar em sintonia com as
pesquisas eleitorais e com o apelo de petistas experientes, convém que a
escolha do candidato petista seja feita até o dia 9 de novembro (é um sábado).
Não ficou clara a razão da escolha desse dia, mas a idéia de que não o PT e o
governismo não deve perder tempo ficou. O governo quer antecipar-se à oposição.
A oposição não se importa.
Quer ter mesmo certeza de que Rui Costa é o candidato do governo.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta
sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.