Terça, 22 de outubro
de 2013
Por Ivan de Carvalho
Acelera-se
o processo da sucessão estadual [na Bahia]. Na área situacionista, o governador Jaques
Wagner e – por causa disso, principalmente – uma grande parte da base política
de seu governo querem formalizar a composição de sua chapa de candidatos às
eleições majoritárias estaduais de 2014 até meados do mês que vem.
Fala-se
muito no dia 15, já foi citado também o dia 19. Talvez seja melhor não ficar
fixando data exata, porque problemas políticos podem surgir no processo e serem
necessárias mais reuniões do que as que já foram realizadas e das que serão até
o dia 15 ou 19. Reuniões, aliás, são uma coisa que apaixona expressivos setores
governistas, obcecados em discutir as relações.
Ontem
foi um dia interessante para a sucessão. O governador Jaques Wagner teve publicada
pela Tribuna da Bahia, na data de
aniversário da fundação do jornal, uma ampla entrevista, na qual, entre outras
coisas, responde a questões sobre a sucessão no âmbito governista.
Embora
diga que não há nome algum do qual se possa dizer “esse aqui é pule de 10”,
ninguém nos meios políticos e na mídia ignora que o Jaques Wagner quer que o
candidato a governador seja o secretário-chefe da Casa Civil, Rui Costa, do PT,
naturalmente e seu antigo amigo das lutas sindicais do polo petroquímico de
Camaçari e auxiliar importante em seus dois mandatos – no primeiro, como
secretário de Relações Institucionais, com a função prioritária de articulador
político (o que lhe permitiu chegar facilmente à Câmara federal) e, no segundo,
chefe da Casa Civil, com a mesmíssima função prioritária de articulação
política e quase podendo ser chamado de vice-rei do governo.
Mas
há outros aspirantes do PT. O ex-prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, o senador
Walter Pinheiro e o secretário do Planejamento e ex-presidente da Petrobrás,
José Sérgio Gabrielli. Nenhum deles dá sinais de alegria ou mesmo conformismo
com o rumo que o processo vai tomando, em direção à candidatura de Rui Costa ao
governo. Pinheiro está quieto e silencioso depois de declarar que se as coisas
não acontecerem do modo devido, vai cuidar de suas tarefas (as do Senado e as
relacionadas com sua corrente política petista, supõe-se). O que significaria, presume-se,
desinteressar-se da campanha de candidatos às eleições majoritárias estaduais.
Já
Caetano usa as poucas armas de que no momento dispõe para lutar por espaço e
José Sérgio Gabrielli lança mão de um arsenal mais expressivo. Consolidando
manifestações anteriores dispersas, no sábado Gabrielli esquentou a
concorrência, com um evento no Hotel Fiesta, quando foram postas as situações
(verdadeiras) de que o aspirante ao governo baiano tem a preferência da direção
nacional do PT e o apoio de Lula (de Dilma, não). Isto posto junto com
manifestações de “movimentos sociais” representados no evento por dirigentes
nacionais e estaduais da CUT, bem como setores ligados à Agricultura Familiar,
Sem Teto, Juventude (?), Pescadores e Blocos Afro. Uns, presentes, por suas
óbvias ligações com o PT e seu comando nacional e outros pelo tratamento
atencioso que Gabrielli lhes deu quando presidente da Petrobrás.
No
PT está assim, embora absolutamente conhecida a disposição do governador de
fazer de Rui Costa o candidato a governador. E fora do PT surgem outros
problemas. E graves. Ontem, na entrevista à TB, o governador diz: “Só para ter
claro, Lídice é da base, mas no momento que ela sair candidata com uma
candidatura nacional outra, não são duas candidaturas da base. Até porque eu
não vou fazer nenhum tipo de palanque duplo”.
Pronto.
Isso liquida o discurso que a senadora Lídice, candidata do PSB a governadora,
vinha fazendo, de que pretendia disputar o governo com o apoio “da base”, o
que, evidentemente, excluiria (se veraz a lei física de que duas coisas não
podem ocupar o mesmo lugar no espaço) as candidaturas de Rui Costa e dos demais
petistas. Ao governador, por intermédio do site Bahia Notícias, Lídice
respondeu e não se pode dizer que não foi uma resposta dura: “Escolha de
governador não é de vereador não”.
A
candidatura ao governo da senadora Lídice da Mata pelo PSB tira um importante
contingente de eleitores que, sem isso, votariam no candidato governista.
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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia.
Ivan de Carvalho é
jornalista baiano.