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(Millôr Fernandes)

sábado, 13 de setembro de 2014

Entidades defendem fiscalização que apontou distorções nos dados oficiais do Bolsa Família

Sábado, 13 de setembro de 2014
Do Contas Abertas
Dyelle Menezes
Em nota, a Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas do Brasil (ANTC) e a Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP) defendem auditoria do Tribunal de Contas da União que indicou distorções nos dados oficiais do Bolsa Família. O relatório da Corte foi duramente criticado pelo governo federal.

De acordo com as associações é lamentável que o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) declare publicamente que os Ministros do TCU foram induzidos a equívoco em decorrência da ‘ignorância dos técnicos’ (Auditores). “Se fosse verdade, poria em xeque as reais credenciais daqueles para a função de judicatura na esfera de controle externo”, diz nota.

“Diante dos termos ofensivos e da falta de compostura que marcam singularmente a Nota Oficial do Ministério de Desenvolvimento Social, a ANTC e a CNSP se solidarizam com os Auditores e também com o TCU, e esperam que o Governo Federal passe a receber com serenidade, urbanidade e bom senso as deliberações acerca de fiscalizações sobre políticas setoriais”, afirmam as entidade.

A auditoria do Tribunal criticou a falta de atualização dos parâmetros usados para definir pobres e miseráveis. Para o governo, é considerado miserável quem tem renda individual inferior a R$ 77 por mês. E pobre, quem ganha de R$ 77 a R$ 154 por mês. Para chegar a esses números, o governo usa uma recomendação da ONU. Considera o gasto de US$ 1,25 por pessoa por dia com base no poder de compra.

Mas o TCU aplicou esses mesmos indicadores e concluiu que os valores que definem a linha da pobreza estão desatualizados. Segundo simulação do tribunal, as rendas para apontar quem teria direito ao Bolsa Família seriam de R$ 100 e R$ 200.

De acordo com o relatório aprovado pelo plenário do TCU, essa diferença pode alterar o número de pessoas que saíram da linha de pobreza, graças ao Bolsa Família. O governo diz que são 36 milhões.

Na nota divulgada pelo governo federal, o Ministério do Desenvolvimento Social afirma que o relatório do TCU partiu de premissas erradas e chegou a conclusões equivocadas. Segundo o ministério, o texto revela ignorância dos técnicos sobre os critérios internacionais de mensuração de pobreza, desconhecimento da legislação e erros de cronologia.

“Sobre essa acusação destemperada, a ANTC e a CNSP repudiam a forma grosseira e deselegante com que o Ministério se refere, oficialmente, aos Auditores e ao próprio TCU, seja pela falta de urbanidade, seja pelo pouco apreço pela divergência, que materializam a noção de Estado de Direito”, ressaltou nota.

As instituições também atacaram o ponto em que o MDS afirma que documento produzido pelo TCU desconsiderou as respostas e esclarecimentos técnicos prestados pelo Ministério, já que o Relatório foi submetido à apreciação do MDS durante 30 dias, sendo que todos os comentários formulados pelo gestor foram detidamente analisados e incorporados ao Relatório Final, como é de praxe em quaisquer fiscalizações realizadas pelo TCU.

“Portanto, se há desconhecimento sobre os critérios internacionais de mensuração de pobreza, sobre a legislação e erros de cronologia como afirma a Nota do MDS, tais deficiências não são dos Auditores do TCU, cuja qualidade de trabalhos dessa natureza é reconhecida internacionalmente”, conclui nota das entidades.

Confira a nota completa aqui

A presidente da ANTC, Lucieni Pereira, fez análise pontual das críticas do MDS. Confira aqui