Sexta, 12 de setembro de 2014
Bonner e Patrícia, apresentando os números, sem comentários…
Da Tribuna da Internet
Carlos Newton
Foi interessante assistir ao Jornal Nacional em que a “última” pesquisa do Ibope foi uma das manchetes. Como se sabe, na Organização Globo, por motivos mais do que óbvios, é terminantemente proibido fazer denúncias relacionadas ao Ibope e contestar números dos levantamentos do instituto.
Os dois apresentadores – William Bonner e Patrícia Poeta – não tinham como criticar a estratégia de o Ibope divulgar sua pesquisa depois do Datafolha, apresentando seus resultados como se fossem mais novos, quando estava ocorrendo exatamente o contrário, pois os dados do Datafolha tinham sido colhidos depois do levantamento Ibope.
A Rede Globo registrou esse fato do atraso proposital da divulgação do Ibope, mas sem maiores comentários, e Patrícia Poeta apenas afirmou que a ordem de retardar o anúncio dos resultados partido da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que bancou a pesquisa.
Também sem maiores comentários, o Jornal Nacional deixou evidente a desproporção entre o número de entrevistados, com o Datafolha ouvindo mais de 10 mil pessoas em quase 700 municípios, enquanto o Ibope se limitava a entrevista 2.002 mil pessoas em apenas 144 municípios.
MARGEM DE ERRO IGUAL???
Patrícia Poeta informou que as duas pesquisas, apesar da enorme disparidade de número de entrevistados e de municípios, tinham o mesmo índice de erro (2% para mais ou para menos) com confiabilidade de 95%, o que rigorosamente não é verdade, porque na ciência da Estatística a confiabilidade da pesquisa (chamada de “amostragem”) é diretamente proporcional ao número de entrevistas e de locais visitados. Quanto mais entrevistas e locais, menor a margem de erro.
Tecnicamente, a margem de erro da pesquisa Datafolha está correta (2% para mais e para menos) e confiabilidade de 95%, mas a margem de erro do Ibope está subestimada e sua confiabilidade superestimada. A margem de erro verdadeira seria de de 3% ou 4% para mais ou para menos, com confiabilidade de 85% a 90%. Mas quem se interessa?
Por fim, destaque-se o mau humor de Bonner e Patrícia apresentando esses números. É triste o jornalista saber a verdade e não poder comentá-la.
APARÊNCIAS, NADA MAIS
Conforme explicamos no artigo anterior [abaixo], o golpe do atraso na divulgação do Ibope fez com que ficasse parecendo que Dilma está em tendência de alta e Marina em baixa, quando está ocorrendo exatamente o contrário: as pesquisas Ibope e Datafolha, analisadas na ordem correta das datas das entrevistas, mostram que Marina voltou a subir e Dilma está novamente caindo.
Como diz o ditado, as aparências enganam. O que não se pode aceitar é que isso ocorra propositadamente
============
Foi interessante assistir ao Jornal Nacional em que a “última” pesquisa do Ibope foi uma das manchetes. Como se sabe, na Organização Globo, por motivos mais do que óbvios, é terminantemente proibido fazer denúncias relacionadas ao Ibope e contestar números dos levantamentos do instituto.
Os dois apresentadores – William Bonner e Patrícia Poeta – não tinham como criticar a estratégia de o Ibope divulgar sua pesquisa depois do Datafolha, apresentando seus resultados como se fossem mais novos, quando estava ocorrendo exatamente o contrário, pois os dados do Datafolha tinham sido colhidos depois do levantamento Ibope.
A Rede Globo registrou esse fato do atraso proposital da divulgação do Ibope, mas sem maiores comentários, e Patrícia Poeta apenas afirmou que a ordem de retardar o anúncio dos resultados partido da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que bancou a pesquisa.
Também sem maiores comentários, o Jornal Nacional deixou evidente a desproporção entre o número de entrevistados, com o Datafolha ouvindo mais de 10 mil pessoas em quase 700 municípios, enquanto o Ibope se limitava a entrevista 2.002 mil pessoas em apenas 144 municípios.
Patrícia Poeta informou que as duas pesquisas, apesar da enorme disparidade de número de entrevistados e de municípios, tinham o mesmo índice de erro (2% para mais ou para menos) com confiabilidade de 95%, o que rigorosamente não é verdade, porque na ciência da Estatística a confiabilidade da pesquisa (chamada de “amostragem”) é diretamente proporcional ao número de entrevistas e de locais visitados. Quanto mais entrevistas e locais, menor a margem de erro.
Tecnicamente, a margem de erro da pesquisa Datafolha está correta (2% para mais e para menos) e confiabilidade de 95%, mas a margem de erro do Ibope está subestimada e sua confiabilidade superestimada. A margem de erro verdadeira seria de de 3% ou 4% para mais ou para menos, com confiabilidade de 85% a 90%. Mas quem se interessa?
Por fim, destaque-se o mau humor de Bonner e Patrícia apresentando esses números. É triste o jornalista saber a verdade e não poder comentá-la.
Conforme explicamos no artigo anterior [abaixo], o golpe do atraso na divulgação do Ibope fez com que ficasse parecendo que Dilma está em tendência de alta e Marina em baixa, quando está ocorrendo exatamente o contrário: as pesquisas Ibope e Datafolha, analisadas na ordem correta das datas das entrevistas, mostram que Marina voltou a subir e Dilma está novamente caindo.
Como diz o ditado, as aparências enganam. O que não se pode aceitar é que isso ocorra propositadamente
============
Ibope aplica “o golpe da pesquisa nova”, atrasa a divulgação e inverte os resultados, para colocar Dilma em alta e Marina em baixa
Carlos Newton
Assim que foi divulgada a mais recente pesquisa do Ibope, o
comentarista César Cavalcanti, sempre atento ao lance, logo denunciou
aqui na Tribuna da Internet que estava sendo aplicado um golpe na opinião pública.
“Essa pesquisa foi feita antes do levantamento do Datafolha. Já
aí ela perde total credibilidade. Uma pesquisa que ouve 2002 pessoas,
contra uma que entrevistou 10.568, não tem fundamento lógico. Sabe-se
que o Ibope tem contrato com Planalto, de forma que o instituto faz a
pesquisa inflando as intenções de voto da candidata oficial, pois sabe
que muita gente vota no candidato(a) que está na frente”, assinalou César Cavalcanti.
Simultaneamente, no site da Veja o jornalista Lauro Jardim fazia a mesma advertência: ”O
Ibope divulgou uma pesquisa agora há pouco. Por ela, Dilma Rousseff tem
39%, Marina, 31%, e Aécio, 15% das intenções de voto. Anteontem, o
Datafolha cravou Dilma com 36%, Marina com 33%, e Aécio com 15%. Qual
das duas pesquisas é a mais atual? Apesar da pesquisa Ibope ter sido
apresentada há algumas horas, as entrevistas com os eleitores foram
feitas entre sexta-feira passada e segunda-feira. A pesquisa Datafolha
foi realizada entre segunda-feira e terça-feira. É, portanto, mais
atual. Para o distinto público, no entanto, a do Ibope fica parecendo
mais recente, pois apenas uma minoria está atenta para as datas de
realização das entrevistas. Quem encomendou a pesquisa divulgada hoje
foi a CNI, de Robson Andrade. A entidade não deve estar preocupada de
ser acusada de manipulação”, destacou o colunista da Veja.
UM GOLPE BAIXO
Esta jogada do Ibope é um golpe baixíssimo e pouco conhecido.
Seu efeito é arrasador, porque modifica a realidade. No caso em foco, ao
atrasar a divulgação de sua “pesquisa”, o Ibope simplesmente inverteu a
situação da campanha política, apresentado Dilma Rousseff com
“tendência de alta” e Marina Silva “com viés de baixa”, quando está
acontecendo exatamente o contrário.
Quem na verdade reverteu a queda e agora está em tendência de alta é
Marina Silva, que subiu de 31% para 36%, enquanto Dilma Rousseff
interrompeu a alta e entrou em viés de queda, caindo de 39% para 36%.
Isso significa que as duas estão rigorosamente empatadas no primeiro
turno, mas no segundo turno a candidata do PSB continua vencendo a
eleição, com 47% a 43%.
O pior é que os jornais e as televisões apoiaram as “conclusões” do
Ibope, divulgando os resultados ao contrário, o que demonstra como o
jornalismo políticos brasileiro atravessa uma fase verdadeiramente
negativa, sem analistas que possam esclarecer a opinião público sobre
esse tipo de golpe eleitoral.