Segunda, 10 de novembro de 2014
As dez maiores
empresas que mais doaram na campanha eleitoral elegeram 360 deputados, ou seja,
70% da Câmara Federal. Sete em cada dez deputados receberam recursos de pelo
menos uma dessas empresas.
Já existia na Câmara
dos Deputados a bancada ruralista, do fundamentalismo religioso, a bancada da
bala, a bancada da bola (cartolas), etc.
Agora, com a
contribuição das dez mais, novas denominações aparecem, não menos nocivas ao
interesse público. Vale a pena mapear a influência que terão estas empresas e a
bancada por ela financiada.
É evidente que
deputados eleitos receberam, às vezes de várias empresas. Ou seja, têm rabo
preso com muitas financiadoras. Por aí vale se perguntar: qual é a independência
do poder legislativo frente ao poder econômico?
Querem nos fazer
acreditar que as doações empresariais foram feitas não por interesse, mas por
espírito republicano. Não por esperar retribuição futura e subserviência dos
deputados aos financiadores, mas para ajudar o Brasil a acabar com a corrupção.
Não é mesmo?
Pior ainda é a
postura dos grandes meios de comunicação de massa. Ávidos para denunciar a
corrupção, mas defendem o financiamento privado da qual, também, são
beneficiários. As CPIs são sempre para punir corruptos. Corruptores, ou seja,
dirigentes empresariais são sempre esquecidos. E o Brasil gira em círculos.
Há quase um ano o STF
julga ação da OAB [veja aqui] para acabar com o financiamento empresarial das campanhas,
questionando a constitucionalidade da interferência do poder econômico. Sete
ministros já votaram. O placar está 6x1 a favor da ação da OAB. O ministro
Gilmar Mendes pediu vistas há 8 meses, impedindo que o dispositivo fosse válido
para este ano. Até agora, continua sentado em cima do processo, num voto que
todos já sabem qual é. Na Câmara Federal, a maioria parlamentar, a favor do
financiamento privado, procura formas de impedir a votação final no Supremo,
com alguma propositura parlamentar, disfarçada de reforma política.
É preciso acabar com
essa vergonha que é a brutal interferência do dinheiro nas eleições. Para isso
a ação imediata e rápida é exigir a conclusão da votação no STF.
Ivan Valente -
Deputado Federal PSOL/SP