Quinta, 20 de novembro de 2014
A
Comissão Estadual da Verdade - Bahia começou a distribuir a relação dos 11
centros de repressão (locais de prisões políticas) e 13 centros de resistência
em Salvador, durante a ditadura militar, como “uma contribuição na proposta de
se criar uma memória histórica que consolide a sociedade democrática brasileira
na luta contra a violência política”.
A
CEV-BA foi criada pelo Decreto 14.227 de 10 de dezembro de 2012, vinculada do
gabinete do governador, para pesquisar a história e recuperar a memória no
tocante às violências cometidas pela ditadura civil-militar na Bahia e contra
baianos ocorridas em outros estados.
O
coordenador da CEV-BA, jornalista Carlos Navarro, explica que este material
está sendo distribuído em espaços públicos, universidades, bibliotecas,
arquivos e escolas, “com o objetivo de informar e prevenir que tais crimes
possam voltar a acontecer”.
Centros
de tortura
Segundo
a CEV, o Forte do Barbalho foi o maior centro de tortura na Bahia, “por onde
passaram dezenas de jovens, muitos dos quais morreram por defender liberdade e
democracia”. Cita ainda que “as torturas a presos políticos eram iniciadas na
Polícia Federal, situada em frente ao Mercado Modelo, no primeiro armazém do
centenário porto de Salvador”, já demolido.
O
mapa da repressão informa que os presos políticos ficavam recolhidos na Galeria
F da Penitenciária Lemos Brito. “O mais conhecido deles é Theodomiro Romeiro
dos Santos, o primeiro condenado à morte no Brasil, pena depois comutada pela
ditadura”.
Revela
também que “a Base Aérea de Salvador, criada em 1942, em função da Segunda
Guerra Mundial, foi grande centro de tortura e tempos depois foi flagrada
queimando documentos da ditadura que a incriminavam”.
Os
outros centros de tortura citados pelo folheto são: Quartel da PM na Avenida
Dendezeiros, 19º Batalhão de Caçadores, Quartel de Amaralina, Quartel General
da PM nos Aflitos, Forte de Santo Antônio Além do Carmo, Quartel dos Fuzileiros
Navais e Forte de São Pedro.
Centros
de resistência
O
Mosteiro de São Bento é um dos 13 centros de resistência citados no trabalho:
“Os monges beneditinos atuaram ativamente na defesa da democracia e dos jovens
perseguidos pela ditadura, reuniões e ações de reação à ditadura foram ali articuladas”.
Outro
importante local foi o Colégio 2 de Julho, “instituição confessional
(presbiteriana) que abriu espaço para reuniões oposicionistas e local de
abertura do Congresso Nacional de Anistia, em novembro de 1979”.
São
destaques ainda o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), a Associação
dos Funcionários Públicos da Bahia, Clube de Engenharia, Instituto dos
Arquitetos da Bahia, Sindiquímica, sede do PMDB e OAB.
São
citados também a Associação dos Engenheiros Agrônomos da Bahia, Escola
Experimental, Colégio Central da Bahia e Teatro Vila Velha, “o mais importante
ponto cultural em que se reuniam atores, cantores, compositores, teatrólogos e
outras pessoas ligadas à arte e à cultura”.
A
CEV-BA já ouviu 66 pessoas vítimas do regime militar, em Salvador e Feira
de Santana, e recebeu cerca de 600 documentos que comprovam violações aos
direitos humanos.
Fonte:
Tribuna da Bahia