Segunda, 17 de novembro de 2014
Da Agência Senado
Ao comentar, em Plenário, as prisões e mandados de busca e apreensão realizados pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato, nesta sexta-feira (14), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que a situação se tornou irreversível. Para ele, a investigação deverá ser criteriosa, sem “nada jogado embaixo do tapete”.
— Se a questão não for super bem resolvida, fica difícil começar um novo governo com o respeito necessário para trabalhar — avaliou.
Chocado com as prisões de diretores da Petrobras e de empresas ligadas à estatal, mostrando agora que “as manchetes de jornais estão sendo substituídas pelos fatos”, o senador lamentou que o governo eleito viva uma “confusão generalizada” e não esteja tendo a oportunidade de viver a melhor fase de uma candidatura vitoriosa, entre a eleição e a posse, segundo ele.
Simon se disse estarrecido com os dados divulgados a cada dia sobre os desvios e atos de corrupção envolvendo a Petrobras e destacou as auditorias que o Tribunal de Contas da União (TCU) vem fazendo no “maior escândalo que até hoje chegou ao tribunal”.
Apesar de tudo, o parlamentar elogiou o trabalho da Polícia Federal, que está sendo realizado de forma independente e altiva. Frisou ainda que nada envolvendo diretamente a presidente Dilma Rouseff foi revelado, mas ponderou que ela não deixa de ter alguma culpa.
— Há omissão, falta de competência ou negligência que chega ao absurdo do ridículo. Essas coisas aconteceram [quando] ela era ministra de Minas e Energia, a qual a Petrobras é subordinada. E na Casa Civil, era presidente do Conselho da Petrobras — citou.
Simon disse ter ouvido que a presidente faz questão de que a apuração seja profunda, "doa a quem doer", o que foi comemorado pelo senador. Ele pediu ainda que Dilma Rousseff aja de forma diferente no novo mandato e fuja do tradicional “toma lá, dá cá” para negociar apoios.
— Se a presidente Dilma entrar no troca troca, se fizer distribuição para ter uma maioria fictícia, na base do troca troca, do é dando que se recebe, não vai ser uma boa saída — observou.
Pedro Simon disse ainda que Deus o agraciou com a sua não reeleição para o Senado, pois não teria condições de continuar na vida pública numa situação de “fundo do poço em termos de realidade ética, política e moral”. O parlamentar disse acreditar que o Congresso terá condições de mudar a situação e que a população irá para as ruas lutar por um “novo pacto social”. Ele também afirmou que, se a eleição fosse nos próximos dias, a presidente Dilma não conseguiria ser reeleita.