Quinta, 21 de janeiro de 2016
Marieta Cazarré - Repórter da Agência Brasil
O
presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal, Renato Rainha,
disse hoje (21), em entrevista coletiva, que recebeu uma carta anônima
contendo ameaças de morte contra ele e o conselheiro Manoel de Andrade.
A mensagem diz que há militares prontos para matar os dois. A carta faz
referência a processos de fraude no recebimento irregular de
Indenização de Transporte por integrantes da Polícia Militar e do Corpo
de Bombeiros Militar.
“É um fato muito antigo. Fizemos uma
auditoria no Corpo de Bombeiros, em 1999. Um dos auditores notou que a
maioria dos bombeiros, que ia para a reserva, mudava de Brasília para um
local muito longe. Cidades como Tabatinga, no Amazonas, e Cruzeiro do
Sul, no Acre, recebiam um número grande de militares que iam para a
reserva. Alguns [diziam que iam para] endereços inexistentes ou no mesmo
endereço [indicado por outro transferido]. Isso chamou a atenção e nós
começamos a apurar”, disse Renato Rainha.
Após a auditoria, mais
de 800 processos foram abertos. De acordo o presidente do tribunal, nos
casos em que se verificou que o militar efetivamente se mudou, o
processo foi arquivado. Mas, nos casos em que ficou comprovado que não
houve a mudança de domicílio, o tribunal condenou os militares a
devolver a Indenização de Transporte com juros e correção monetária, por
terem agido de má-fé. Os valores variam entre R$ 80 mil e R$ 200 mil,
dependendo da quantia paga na época.
“Muitos militares simularam a
mudança e receberam o benefício indevidamente. Vários deles, que
informaram que estavam morando em outras localidades, tinham veículos
aqui no Distrito Federal recebendo multas, os filhos matriculados nas
escolas daqui, por exemplo”, afirmou Renato Rainha.
A
indenização, que a princípio era apenas para integrantes das Forças
Armadas, foi estendida à PM e ao Corpo de Bombeiros entre os anos de
1995 e 2002. Após a identificação das fraudes, em 2002, o benefício foi
revogado.
Na
carta de ameaça, a pessoa se descreve como sendo integrante da
inteligência da PM. Rainha afirmou que não acredita que se trate de um
militar, e disse confiar plenamente na lisura destas instituições. Falou
ainda que, apesar de não estar com medo, redobrará os cuidados com a
sua segurança.
De acordo com Rainha, a carta foi
protocolada dia 11, mas apenas na última segunda-feira, dia 18, foi
lida. Ele disse que levou a carta ao conhecimento dos demais
conselheiros e que eles entenderam, por unanimidade, que poderia ser uma
ameaça real.
As polícias civil e militar e o Corpo de Bombeiros estão investigando o caso.