Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 13 de outubro de 2013

Tudo resolvido: a raposa cuidará do galinheiro

Domingo, 13 de outubro de 2013
Arnaldo Mourthé

Faz cinco anos que aventureiros do sistema financeiro americano mergulharam o mundo em uma crise deflagrada pela inadimplência dos tomadores de empréstimos para a compra de casas. Depois da quebra de alguns bancos e trilhões de dólares despejados nas empresas pelo governo americano, para recuperar setores estremecidos pela recessão, a crise teria sido vencida se ela fosse apenas o resultado do evento relatado acima. Mas não é. Ela tem múltiplas influências e se manifesta em cada país de forma diferente, em função de suas peculiaridades.

            Entretanto, sua causa primeira é um fenômeno muito conhecido dos estudiosos da economia, que é cíclico e produzido por uma contradição no modo de produção capitalista, que é relativamente simples. Quando o capitalista coloca à venda uma mercadoria, seu preço (ou valor) é maior que o dinheiro que ela custou, ou seja, que ele devolve ao mercado a título de pagamentos de despesas de produção, incluídos salários e tributos, pois o lucro fica com ele.

Para o escoamento total da mercadoria é preciso recorrer a um valor externo ao sistema, correspondente ao lucro retido, para equilibrar oferta e demanda. Nos primórdios do capitalismo sua produção era pequena comparada com o total produzido pela sociedade. Isso permitia ao capitalista vender parte de sua produção fora do sistema e, assim, reter o lucro. Na medida do crescimento do sistema, os outros modos de produção foram cedendo seu lugar ao capitalismo, obrigando o capitalista a colocar seus lucros no mercado, em despesas pessoais, investindo-o ou emprestando-o ao consumidor. Mas há sempre limites a essas aplicações, especialmente ao empréstimo, pois o tomador acaba por tornar-se inadimplente.
Leia a íntegra do artigo no "Debate Brasil"