Arnaldo Mourthé
Faz cinco anos que aventureiros do
sistema financeiro americano mergulharam o mundo em uma crise deflagrada pela
inadimplência dos tomadores de empréstimos para a compra de casas. Depois da
quebra de alguns bancos e trilhões de dólares despejados nas empresas pelo
governo americano, para recuperar setores estremecidos pela recessão, a crise
teria sido vencida se ela fosse apenas o resultado do evento relatado acima.
Mas não é. Ela tem múltiplas influências e se manifesta em cada país de forma
diferente, em função de suas peculiaridades.
Entretanto, sua causa primeira é um
fenômeno muito conhecido dos estudiosos da economia, que é cíclico e produzido
por uma contradição no modo de produção capitalista, que é relativamente
simples. Quando o capitalista coloca à venda uma mercadoria, seu preço (ou
valor) é maior que o dinheiro que ela custou, ou seja, que ele devolve ao
mercado a título de pagamentos de despesas de produção, incluídos salários e
tributos, pois o lucro fica com ele.
Para o escoamento total da mercadoria
é preciso recorrer a um valor externo ao sistema, correspondente ao lucro
retido, para equilibrar oferta e demanda. Nos primórdios do capitalismo sua produção
era pequena comparada com o total produzido pela sociedade. Isso permitia ao
capitalista vender parte de sua produção fora do sistema e, assim, reter o
lucro. Na medida do crescimento do sistema, os outros modos de produção foram
cedendo seu lugar ao capitalismo, obrigando o capitalista a colocar seus lucros
no mercado, em despesas pessoais, investindo-o ou emprestando-o ao consumidor.
Mas há sempre limites a essas aplicações, especialmente ao empréstimo, pois o
tomador acaba por tornar-se inadimplente.
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