Quinta, 17 de outubro de 2013
Vladimir Platonow, repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – As forças de segurança do estado do Rio se
transformaram em uma polícia política, atuando de forma desproporcional
nas manifestações. A avaliação é do professor da Escola de Administração
de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Rafael
Alcadipani, que analisou os enfrentamentos e as prisões em massa
ocorridas ontem (15), durante protestos no centro da capital fluminense.
“Ela já se transformou em uma polícia política. Se você vê o que
aconteceu ontem em São Paulo, mais de 50 pessoas foram presas, mas a
Polícia Civil mostrou que não havia ligação entre elas e liberou a
todas. O que está acontecendo no Rio é que a polícia está prendendo
indiscriminadamente, sem muita inteligência e criando relações
inexistentes entre essas pessoas. Estão agindo, infelizmente, ao arrepio
da lei”, disse Alcadipani, que vem estudando o fenômeno das
manifestações, principalmente relacionado ao Black Bloc.
O pesquisador chegou a comparar o que vem acontecendo no Rio com os
tempos ditatoriais do Estado Novo de Getúlio Vargas e da ditadura
militar (1964-1985). “Da forma como a polícia do Rio tem agido, com
bastante truculência, e a prisão ontem de repórteres da rede
independente Zona de Conflito, infelizmente parece que o Rio está
entrando em um estado de exceção, o que é muito sério e já aconteceu na
época da ditadura. Isto é preocupante, porque os governos não estão
chamando para o diálogo”, destacou Alcadipani.
A chefe de Polícia do Rio, delegada Martha Rocha, contestou a
avaliação do professor da FGV. Ela disse, em entrevista à imprensa, que a
Polícia Civil é a defensora da sociedade. “Embora eu respeite a opinião
dos estudiosos, a nossa decisão não passa pelo crivo deles. A nossa
decisão passa pelo crivo do Poder Judiciário. A Polícia Civil é a defesa
da sociedade. Vamos falar a verdade. Ninguém mais aguenta essa
situação. Se esses estudiosos não entenderem que a Polícia Civil atua na
defesa da sociedade, eu lamento muito. Mas o fato é que não estamos
falando de manifestação. Estamos falando de atos de vandalismo. De
pessoas que saem de casa com o compromisso da prática de delito, armadas
de diversos instrumentos”, ressaltou.
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