Quarta, 16 de outubro de 2013
Helio Fernandes
Há 69 anos, os Estados Unidos sequestram o mundo com o dólar como
moeda de troca universal. Sempre foi usado o ouro, como lastro, para
todas as relações entre os países. Os EUA imaginavam mudança, com a
eliminação do ouro. Esperavam uma grande oportunidade.
Verdade seja dita: apesar da arrogância e da tentativa de dominar o
mundo, não tiveram coragem. Que melhor forma de domínio do que impor e
implantar a sua própria moeda, o dólar?
Com o desenvolvimento da Segunda Guerra, que já se voltava
tranquilamente para os “aliados” (EUA, Inglaterra e União Soviética), os
americanos anteviam que podiam desprezar o ouro e colocar no trono a
sua própria moeda.
Em 1944 (a guerra terminaria um ano depois), convocaram uma grande
reunião em Bretton Woods. Os três dominavam o mundo, os outros ou não
participavam de nada ou já estavam derrotados.
LORD KEYNES
Sem muito interesse, Churchill indicou para liderar essa convenção o
famoso economista John Maynard Keynes. Era respeitadíssimo, mas
pretensioso, não sabia que os americanos queriam colocar no auge o
dólar.
Quando soube, ficou revoltado, era contra o ouro, mas não a favor do
dólar moeda única. Chegou a exclamar: “Comigo na presidência, essa
aberração não será aprovada de jeito nenhum”.
A MOEDA DE KEYNES: O BANCOR
Absoluto, prepotente, se considerando acima de todos e de qualquer
um, Keynes trabalhou sozinho e em silêncio. Desenvolveu a nova moeda,
que, segundo ele, dominaria o mundo. Até o nome, Bancor, foi criado por
ele, confeccionou mapas e mais mapas.
Quando fez o discurso de apresentação do fim do padrão-ouro,
aplaudido de pé. Menos pelos americanos, principalmente o presidente do
Banco Central dos EUA. Logo ligou para Roosevelt, que estava com
Churchill, comunicou a ele a gravidade da situação. Churchill telefonou
para Keynes, que viajou imediatamente para Londres.
KEYNES VOLTOU: COM O DÓLAR
A conversa com Churchill foi demorada, mas produtiva para os
americanos. Keynes passou dias debatendo com o presidente do Banco
Central. Jogou fora o Bancor, se “entusiasmou” com o dólar, moeda do
mundo. Falou novamente, ninguém perguntou a razão da mudança e da
vitória do dólar.
A “SORTE” DE KEYNES
O mundo foi recebendo montanhas de dólares, fabricadas naquelas
maquininhas fantásticas de Omaha. Trabalham 24 horas por dia, para
produzir aquilo que mais tarde eu chamaria de “dólar papel pintado”.
Keynes, menos de um ano depois, ganhava uma fortuna na Bolsa. Fato
estranho, ele não jogava na Bolsa.
PS – Ficou com uma fortuna colossal, que não pôde gastar. Pouco depois, morria de um câncer avassalador. Deus não perdoa.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Fonte: Tribuna da Imprensa