Quarta, 23 de
outubro de 2013
Por Ivan de Carvalho

Também foi dito que ninguém, “nos meios
políticos e na mídia”, ignora que o candidato do governador – dado a conhecer,
mas não proclamado – é o secretário-chefe da Casa Civil, deputado Rui Costa. Presume-se
que seu nome prevaleça, apesar dos outros aspirantes no PT. Há, em setores
petistas e setores da base governista em outras legendas a convicção de que Rui
Costa não é um candidato “leve”, de fácil aceitação pelo eleitorado. O repórter
ouviu de um político que o governador “está flertando com a derrota”. Mas
ninguém consegue ver petista algum capaz da atitude de “por o guiso no gato”,
isto é, alertar enfaticamente o governador.
Finalmente, uma referência foi feita,
no que aqui foi publicado ontem, sobre a candidatura a governadora de Lídice da
Mata, que, talvez contra a vontade dela mesma, se tornou uma pedra no sapato do
governo e do PT.
Mas nem só o PSB é pedra no sapato do
governo e do PT baiano. Outra pedra já se alojou no outro sapato. É o PDT, mas
antes de entrar nesta questão, vale lembrar que o processo se afunila
rapidamente em um esforço governista para definir toda a chapa governista
concorrente às eleições majoritárias até meados do mês que vem, talvez no
dia-símbolo da República, dia 15.
O vice-governador e presidente estadual
do PSD, ex-governador Otto Alencar, proclama que é candidato a senador. Dois
dos três postos preenchidos na chapa majoritária governista – candidatura a
governador de um petista e a senador, de Otto Alencar.
E então as coisas complicam. O PP
informa a mídia que a “chapa majoritária está fechada”, com o petista Rui Costa
para governador, Otto Alencar para senador e o deputado e presidente estadual
do PP, Mário Negromonte, para vice-governador.
Aí é que entra o PDT. E entra de sola,
sem pretensões a trocadilho. No dia 10, o governador Wagner recebeu para uma
conversa a executiva estadual do PDT e deputados da legenda. O presidente
estadual do partido, Alexandre Brust, informou ao governador: “O PDT não vai se
resignar a ser humilhado”. Também disse que o deputado Marcelo Nilo, presidente
da Assembléia Legislativa, há mais de um ano tem esse compromisso com o
partido.
Marcelo Nilo segue candidato declarado a
governador (faz tempo que ele comunicou pessoalmente a pretensão a Wagner e
anunciou publicamente o fato). Está em plena pré-campanha. Quanto ao PDT,
afirma que não se resignará a ficar sem uma das três candidaturas da chapa
majoritária (suplente de senador não conta). Não rejeitaria a de candidato a
vice-governador, que o PP parece já considerar sua. Na linguagem política, entende-se:
o PDT quer o lugar de vice na chapa para Marcelo Nilo.
Aí
vale um balanço de forças ou peso político, que se colhe junto à executiva do
PDT. O PP tem cinco deputados estaduais e três federais. O PDT tem cinco
estaduais e dois federais. Também tem um dos três senadores baianos (João
Durval) e o presidente da Assembléia Legislativa. Há uma vantagem sensível para
o PDT, até aí. (O PDT trocaria a cadeira que tem no Senado pelo lugar de vice
na chapa). Quanto a prefeitos, o PP tem 64. O PDT tem 42, mas o presidente da
Assembléia, Marcelo Nilo, tem o apoio de vários prefeitos de outros partidos –
“do DEM e PMDB até o PT”, disparou um integrante da executiva estadual. Em
almoço tipo demonstração de força, no dia 15, reuniu exatamente 64 prefeitos
(número igual aos do PP), com o detalhe de que alguns prefeitos pedetistas, por
motivos eventuais, não puderam comparecer.
Dois
deputados estaduais pedetistas destacaram ainda a estreita ligação e a lealdade
de Marcelo Nilo ao governador Wagner durante todo o tempo em que o primeiro
está na presidência da Assembléia Legislativa, incluindo as duas graves crises
para o governo – a greve e ocupação da sede do Legislativo por grevistas da
Polícia Militar e a ocupação na greve dos professores. No primeiro caso, o
presidente da Assembléia formalizou um pedido ao Exército e, no segundo, pediu
à Justiça a reintegração de posse. Duas atitudes corretas, mas nada simpáticas,
e que, no momento, atendiam às estratégias do Executivo.
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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é
jornalista baiano.