Sexta, 4 de outubro de 2013
Isa Stacciarini e Patrícia Fernandes
redacao@jornaldebrasilia.com.br
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O
atraso das obras do BRT-Sul, corredor de ônibus que vai ligar Santa
Maria e Gama ao Plano Piloto, não parece ser motivo de preocupação para o
Governo do Distrito Federal (GDF), que instalou placas com propagandas
positivas sobre a construção. Enquanto informes publicitários enaltecem
o projeto
que deveria ter ficado pronto em junho, o Executivo estende pela
segunda vez o prazo de conclusão: no total, são oito meses a mais.
No primeiro adiamento da entrega, o governo anunciou que o término da
obra ocorreria em dezembro deste ano. Agora, a previsão oficial
repassada pela Secretaria de Comunicação é de que até fevereiro de
2014, o trecho esteja em funcionamento. A obra tem causado
insatisfação a quem passa horas parado nos congestionamentos em razão
das interdições e desvios.
OPINIÕES
"Santa Maria ao Plano Piloto em apenas 40 minutos", diz a placa que
virou motivo de chacota de brasilienses. Até nas redes sociais há
manifestações de repúdio e insatisfação, indicando que a comunidade não
viu com bons olhos o excesso de propagandas.
“Essas obras fazem parte de um projeto de mobilidade para a Copa do
Mundo. O governo Agnelo não pode dizer que o mérito é dele”, argumentou o
estudante Leonardo Henrique, 23 anos, ao criticar a publicidade.
Segundo o estudante, o excesso de suspeitas ligadas ao
projeto também exclui as possibilidades de qualquer tipo de comemoração.
“Sempre saem suspeitas de superfaturamento que não são esclarecidas.
Por isso, sou totalmente contra essa propaganda. Essas obras têm
dificultado muito a vida de quem precisar passar por aqui”, diz.
Especialista questiona gasto excessivo
O professor de administração
pública da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira observa
que no Brasil, e inclusive no DF, os gestores públicos tentam criar uma
falsa impressão do governo por meio de propaganda. Segundo ele, em
alguns casos, o que se gasta com a divulgação institucional chega a
quase o valor do investimento.
"Brasília não foge à regra. Os governantes tentam jogar uma cortina
de areia e fumaça na população do DF, mas a comunidade que está sendo
afetada tem consciência de que as propagandas não condizem efetivamente
ao que está acontecendo", destaca.
Matias-Pereira aponta que, no caso das obras do Expresso DF, os
motoristas que gastam horas no engarrafamento acaba reagindo
negatigamente contra o próprio governo. "Faltou planejamento urbano mais
competente. Do outro lado, a comunidade se volta contra o GDF e a
imagem do governo. Começa, então, a reação das pessoas de se
manifestarem, e hoje as redes sociais contribuem para espalhar a
verdade", ressalta.
O mecânico Aloísio Pereira, 42 anos, reclama dos transtornos. “Sou
radicalmente contra. Todos os dias passo cerca de duas horas preso no
engarrafamento ocasionado pelas obras. Hoje com essas pessoas circulando
com as faixas foi ainda pior”, destaca. Para Aloísio, a estimativa de
previsão não será cumprida. “Duvido que fique pronta até o prazo
estimado. Será mais uma falsa promessa”, lamenta.
Ponto de vista
O professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília
(UnB) Paulo Cesar Marques destaca que o atraso das obras provoca mais
transtornos e contratempos. "Qualquer atraso significa um desgaste
maior da população. A melhor situação para o BRT-Sul seria um
planejamento adequado, de forma que não houvesse atrasos e prorrogação
de prazos, mas a possibilidade de minimizar os próprios efeitos. Os
indícios, ao contrário, são de uma obra mal planejada", afirma.
Segundo ele, a expectativa, ao menos, é de que o benefício seja
compensador.
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br