Sexta, 1º de novembro de 2013
Foto: Fernando Frazão / ABr
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Alana Gandra, repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A organização não governamental (ONG) Rio de Paz
promove na manhã deste sábado (2/11), Dia de Finados, na comunidade da
Rocinha, uma passeata com a família do pedreiro Amarildo, desaparecido
desde o dia 14 de julho deste ano. Segundo informou à Agência Brasil
o diretor executivo do Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, a família de
Amarildo “está querendo usar a data para apresentar mais uma
reivindicação ao Estado. Primeiro, foi saber quem eram os autores do
crime. Agora, eles querem a ossada, para fazer o enterro”.
A ideia partiu da própria família do pedreiro, que procurou a ONG.
“A causa é muito justa”, disse Costa. “Pretende-se pedir que o Estado se
empenhe na perspectiva de dizer onde a ossada se encontra”. Ele
afiançou que “a família não abre mão disso”.
Os participantes do movimento usarão máscaras com o rosto de
Amarildo e levarão um boneco com um capuz preto, simbolizando o corpo do
pedreiro. Os voluntários do Rio de Paz se reunirão na passarela da
Rocinha às 9 h, iniciando a caminhada às 10 h, na Central de
Monitoramento da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), onde Amarildo
foi preso. Depois, em companhia da família, irão até o alto da favela,
onde farão uma dramatização.
Na avaliação da pesquisadora da ONG Justiça Global, Alice De Marchi,
não basta à família o indiciamento dos policiais acusados pela morte de
Amarildo. É preciso que haja a resolução completa do caso e a
responsabilização das pessoas que cometeram o crime, porque, por ora,
segundo indicou, o que há é apenas resultado de investigação.
“Enquanto Justiça Global, a gente acha importante que mais do que
os agentes envolvidos que estão sendo acusados, haja uma
responsabilização do Estado, assumindo que esse tipo de caso é apenas um
dentre outros. Que assuma que há esse absurdo cometido pelo Estado”. A
Justiça Global participará da caminhada de amanhã (2).
Alice ponderou que não se trata de um caso isolado, nem de punir
somente os policiais que “sempre são os peixes pequenos que acabam sendo
responsabilizados”. Para ela, o caso de Amarildo é emblemático,
justamente por não ser o único no estado do Rio de Janeiro. “Esse
ponto a gente acha importante destacar. É uma prática sistemática. O
Estado tem participado de outras violações desse tipo, de
desaparecimentos forçados e execuções sumárias”. Ela acrescentou que
isso não acaba com as UPPs.
A ONG Justiça Global critica a política de segurança fluminense,
traduzida pelas notícias de violência e morte em favelas que têm
instaladas UPPs. “Nós temos indicado e denunciado esses casos, para
apontar que a UPP parece menos ser uma política de segurança e mais um
projeto que tem mais marketing e propaganda em cima. O que a
gente vê é muito mais valorização desses territórios e o aumento do
custo de vida, sem o efetivo enfrentamento de questões que a UPP
inicialmente se colocava para enfrentar”. A violência é uma dessas
questões.
Alice De Marchi analisou que as políticas públicas e o acesso aos
direitos mais básicos das pessoas não tem sido respeitado. “Pelo
contrário. A gente tem visto, inclusive, a continuidade das violações
dos direitos humanos”.