Terça, 9 de
setembro de 2014
Carolina
Gonçalves - Repórter da Agência Brasil
passe livre e uso de combustíveis
limpos dominam as propostas de presidenciáveis para solucionar os problemas de mobilidade nas cidades brasileiras. Enquanto algumas propostas
priorizam investimentos para ampliação de trens e metrôs e em programas de
financiamento da renovação da frota de ônibus, outras estão direcionadas a
estímulos aos transportes alternativos e a medidas que desafoguem o tráfego,
como o rodízio nas jornadas de trabalhadores.
Conheça as
propostas dos candidatos à Presidência para mobilidade urbana:
Aécio Neves,
candidato pelo PSDB, defende mudanças estratégicas para a mobilidade urbana. Em
seu programa de governo, ele destaca que a qualidade de vida da população foi
prejudicada pela falta de investimentos no setor e propõe uma Política Nacional
de Mobilidade Urbana, priorizando o transporte público para que se torne uma
alternativa viável e concreta em relação ao transporte individual. O foco
principal dos investimentos seria o transporte sobre trilhos, com investimentos
em obras estruturais nos principais centros urbanos do país, além de incentivo
à renovação e à modernização da frota de trens, metrôs e ônibus. A proposta é
buscar a integração dos diversos modais de transporte público. O candidato
ainda defende a adoção de horários variados para jornadas de trabalho para evitar
períodos de rush.
Dilma
Rousseff (PT) defende uma reforma que equacione a questão da mobilidade urbana
assim como o déficit habitacional e os problemas de saneamento e segurança
pública. A candidata destaca que os investimentos em mobilidade urbana precisam
assegurar transporte público rápido, seguro e eficiente. Dilma destacou os
investimentos feitos ao longo dos quatro anos de governo em melhorias do
transporte urbano nas grandes cidades. No programa entregue à Justiça
Eleitoral, a candidata à reeleição apontou obras realizadas em todas as regiões
do país para reduzir o tempo que se gasta nos deslocamentos diários. Entre os
projetos apontados por Dilma estão a construção de infraestrutura em 651
quilômetros para transportes sobre trilhos, incluindo metrô, monotrilho, VLT,
trem urbano e aeromóvel, de mais de 3 mil quilômetros para transportes sob
pneus (BRT e corredores) e de 21 quilômetros para transporte fluvial urbano.
Eduardo
Jorge (PV) destaca a mobilidade urbana e o transporte público em quantidade e
qualidade adequada entre suas principais promessas de governo. Ele defende o
uso de combustíveis mais limpos e a cobrança de um pedágio urbano nas grandes
cidades para moderar o uso de veículos individuais e gerar recursos novos para
a expansão do transporte público. Eduardo Jorge também aponta a necessidade de
criar condições adequadas para os pedestres, construir calçadas verdes e
acessíveis e apoiar o uso da bicicleta com transporte alternativo.
Eymael
(PSDC) e Levy Fidelix (PRTB) não indicam propostas específicas para a área,
apesar de reconhecerem a necessidade de melhorias e mais investimentos em todos
os serviços públicos.
Luciana
Genro (PSOL) promete implantar a tarifa zero nos principais centros urbanos,
usando os recursos hoje destinados ao superávit primário para investir no
transporte público, assim como em outras áreas como saúde, educação e cultura.
O dinheiro seria usado inclusive para melhorar os salários. A candidata lembrou
que as manifestações de junho de 2013 trouxeram à tona um conjunto de problemas
sociais. Uma das principais bandeiras do movimento foi a questão do transporte.
Em seu programa, Luciana afirma que o problema da mobilidade urbana transformou
o deslocamento diário em “uma verdadeira via-crúcis para o povo”.
Marina
Silva (PSB) promete aumento da transferência de recursos aos municípios que
investirem em transporte coletivo e custeio do passe livre. Em seu programa,
ela afirma que vai implantar um programa de apoio a estados e municípios para que
construam, em quatro anos, 1 mil quilômetros de vias para veículos leves sobre
trilhos (VLTs) e de corredores de ônibus integrados (BRT) em todas as cidades
brasileiras com mais de 200 mil habitantes. Para ela, a falta de mobilidade é
tema-chave para os grandes centros e exige soluções imediatas. A ex-senadora
defende um programa federal para financiar a implementação gradual do passe
livre e investimentos para expandir as malhas metroviária e ferroviária de cada
uma das regiões metropolitanas em 150 quilômetros ao longo de quatro anos.
Marina Silva também destaca a necessidade de investimentos para desoneração da
frota de ônibus urbanos acessíveis e de veículos movidos com combustíveis
limpos.
Mauro Iasi
(PCB) quer a estatização, sob controle popular, dos transportes coletivos, para
que sejam públicos e gratuitos. O candidato comunista defende que atividades,
bens e serviços essenciais para a garantia da produção social devem assumir
essa característica e que é preciso “desmercantilizar” alguns setores, como o
da mobilidade nas cidades. Iasi é favorável ao fim das privatizações “e da
entrega do patrimônio público realizadas no último período”.
Pastor
Everaldo (PSC) defende o foco no livre mercado do setor, com estímulo à
concorrência. Para o presidenciável, é preciso desburocratizar o setor de
transporte e privatizar aeroportos, ferrovias, hidrovias, estradas públicas e
serviços relacionados a área de transporte. Ele defende o aumento do
investimento em trens e metrôs nos grandes centros.
Rui Costa
Pimenta (PCO) acredita que os serviços públicos, como transportes, saúde e
educação, foram “destruídos” para impulsionar a privatização “e os lucros de um
punhado de abutres capitalistas que parasitam o Estado”. Segundo ele, que
defende a reversão deste cenário, os empresários visam apenas o lucro sem focar
as necessidades de trabalhadores.
Para Zé
Maria (PSTU), as manifestações de junho de 2013 revelaram o esgotamento da
população com o caos e a precarização do transporte público. Zé Maria afirma
que o transporte no Brasil é um dos mais caros do mundo e que a falta de
qualidade e quantidade suficientes “submete a grande maioria da população e os
trabalhadores a um inferno diário”. Segundo seu programa, é possível investir
2% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor para expandir o sistema de
transporte, beneficiando o sistema metroferroviário por ser “mais barato e
eficiente que o rodoviário”. Zé Maria também defende que o setor seja
controlado pelos trabalhadores, eliminando o sistema de concessões.