Quinta,
1º de outubro de 2015
Do
Jornal do Brasil
por
Mauro Santayana
A prisão de cinco policiais militares no Rio, após execução
de um suspeito de 17 anos no Morro da Providência, e também de cinco PMs em São
Paulo, após outra execução, em plena luz do dia, nas ruas do Butantã, ambas com
o "plantio" de "velas" - armas apreendidas com numeração
raspada - nas mãos das vítimas, para, com tiros simulados, encenar
confrontos, prova: contra a violência policial - e a do tráfico - não existe
remédio melhor do que câmeras de segurança escondidas.
Mais barata do que qualquer campanha ou mobilização, uma
simples webcam de 50 reais, ligada a um computador, camuflada em uma casa de
pombo ou em uma antena de televisão no telhado, ou um aparelho de celular
ligado, nas mãos de um usuário hábil, em uma fresta de janela, pode fazer mais
do que dezenas de testemunhas para esclarecer um crime.
As comunidades - e as organizações não governamentais e
outras instituições de combate à violência, do Rio de Janeiro e de todo o país
- deveriam se organizar coletivamente para coletar dinheiro e gastar o que
fosse possível nesse tipo de aparelho, o que acabaria servindo, ao longo do
tempo, também para inibir a execução de novos homicídios.
Só assim vai ser possível diminuir, a médio prazo, a
impunidade e o genocídio derivado, entre outras coisas, da invasão ostensiva de
áreas menos favorecidas das grandes cidades brasileiras, da cultura da
aplicação sumária e ilegal da pena de morte contra suspeitos de crimes, e da
guerra das drogas em nosso país - enquanto, neste último aspecto, a legislação
não avança em outro sentido.