Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil*
"O PT tem total autonomia de construção das suas
posições dentro do Legislativo", disse Edinho Silva a jornalistas após
reunião de coordenação política —José Cruz/Agência Brasil
O ministro da Secretaria de
Comunicação Social, Edinho Silva, disse hoje (23) que o andamento das denúncias
contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética da
Casa é uma questão interna do Legislativo e “não é assunto do governo”.
Perguntado sobre a posição de deputados do PT que não
compareceram à sessão do conselho na última quinta-feira (19) para não dar
quórum à reunião em que seria apresentado relatório contra Cunha, Edinho Silva
disse que a bancada não sofre interferência do Palácio do Planalto.
“O governo da presidenta Dilma Rousseff é um governo formado
pelo PT e outros partidos que formam uma coalizão. O PT tem total autonomia de
construção das suas posições dentro do Legislativo”, disse Edinho Silva a
jornalistas após reunião de coordenação política.
Votações na Câmara
Segundo o ministro, o diálogo do governo com Cunha e todo o
Congresso Nacional está mantido para garantir a aprovação de medidas que levem
o país a voltar a crescer. “Os assuntos internos do Legislativo não são
assuntos do governo. Penso que vamos continuar dialogando para que a gente
possa criar uma agenda de interesse do Brasil, que, neste momento, é a agenda
de retomada do crescimento econômico”. Na lista de projetos de interesse do
governo que dependem de aprovação do Congresso está a volta da Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
A reunião de líderes que tradicionalmente ocorre às
terças-feiras para que sejam definidas as votações da semana na Câmara deve
ficar esvaziada e corre o risco de não ser realizada amanhã (24). O avanço de
projetos que tramitam na Casa ficou ameaçado desde que deputados de várias
legendas se manifestaram contrários à manutenção de Eduardo Cunha na
presidência da Casa. Partidos como PPS, PSOL e Rede prometeram não votar em
sessões comandadas pelo peemedebista.
Cunha é acusado de adotar manobra para prejudicar a reunião
do Conselho de Ética da última quinta-feira, quando o colegiado iria apreciar o
parecer preliminar do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) que recomendou a
continuidade das investigações das denúncias contra o presidente da Câmara.
Cunha abriu, em plenário, a Ordem do Dia, anunciando que as reuniões em todas
as comissões seriam encerradas pouco antes das 11h para o início das votações.
A reunião do Conselho de Ética foi cancelada pelo deputado
Felipe Bornier (PSD-RJ), que é um dos secretários da Mesa Diretora e estava, na
ocasião, como presidente da Câmara. O cancelamento provocou confusão no
plenário da Câmara. A maior parte dos parlamentares criticou a decisão.
Mais tarde, Cunha decidiu
suspender a decisão de Felipe Bornier que anulou a reunião do
Conselho de Ética. Ao suspender a decisão, o presidente da Câmara disse que não
queria contaminar a Casa com algo que diga respeito a ele. “A questão de ordem
será acatada e respondida a posteriori pelo primeiro vice, de forma a
evitar qualquer tipo de decisão que possa afetar o plenário”, disse.
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo
(PSD-BA), transferiu
para esta terça-feira (24) a leitura do relatório preliminar
apresentado pelo deputado Fausto Pinato que recomenda a continuidade do
processo contra Eduardo Cunha.
*Colaborou Carolina Gonçalves