-->
Quando os dados incluem candidaturas avulsas, a soma é 88
milhões de reais
Dados da Justiça Eleitoral, organizados pelo site Outras
Palavras, apontam que nas eleições do ano passado empresas controladas pela
mineradora Vale repassaram a partidos políticos o total de 48,85 milhões, com o
PMDB na dianteira entre as legendas que receberam a “ajuda”. O partido de
Eduardo Cunha (RJ) e Renan Calheiros (AL), presidentes da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal, respectivamente, e base de apoio ao governo federal, foi
agraciado com 23,55 milhões de reais. Também fazem parte da legenda o ministro
de Minas e Energia, Eduardo Braga, e boa parte dos chefes do Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM).
O partido da presidenta Dilma Roussef aparece em segundo
lugar no valor das doações da empresa, uma das donas da Samarco, responsável
pela tragédia ocorrida em Mariana-MG, no dia 5 de novembro. 8,25 milhões de
reais foi o montante repassado à legenda, também do governador de Minas Gerais,
Fernando Pimentel, que dias após o ocorrido na cidade mineira, concedeu
entrevista coletiva à imprensa na sede da empresa.
Da redação do PSOL Nacional, com informações da Carta Capital e do mandato do deputado Ivan Valente
Da redação do PSOL Nacional, com informações da Carta Capital e do mandato do deputado Ivan Valente
Em terceiro lugar ficou o PSDB de Aécio Neves e Fernando
Henrique Cardoso – ex-presidente da República responsável pela privatização da
Companhia Vale do Rio Doce -, com 6,96 milhões de reais. Na sequência vem o
PSB, com 3,5 milhões de reais, então partido de Marina Silva, candidata à
Presidência da República em 2014.
PP e PCdoB aparecem empatados com 1,5 milhão de reais
cada. Também receberam generosas quantias da Vale os comitês financeiros do
DEM, Solidariedade, PPS, PSD, PROS, PRB, PDT e PEN.
As doações eleitorais foram feitas por seis empresas
controladas pela Vale: Vale Energia, Vale Manganês, Vale Mina do Azul,
Minerações Brasileiras Reunidas, Mineração Corumbaense Reunida e Salobo Metais.
Segundo matéria da Carta Capital, no ano passado, a Vale
doou também para candidaturas específicas, do Congresso Nacional à Presidência
da República. Isso soma mais 39,32 milhões de reais para políticos do governo e
da oposição, perfazendo um total de 88 milhões de reais – três vezes mais que
em 2010.
Comissão externa ou interna?
Em pronunciamento no plenário da Câmara, no dia 17 de novembro, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) criticou o fato de a maioria dos membros da comissão externa criada para acompanhar a tragédia em Mariana ter sido financiada por empresas ligadas ao grupo Vale. Conforme denunciou o deputado, o mesmo ocorre nas comissões criadas nas Assembleias Legislativas de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Em pronunciamento no plenário da Câmara, no dia 17 de novembro, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) criticou o fato de a maioria dos membros da comissão externa criada para acompanhar a tragédia em Mariana ter sido financiada por empresas ligadas ao grupo Vale. Conforme denunciou o deputado, o mesmo ocorre nas comissões criadas nas Assembleias Legislativas de Minas Gerais e do Espírito Santo.
“Essa Casa criou uma comissão externa com a função de
‘acompanhar e monitorar os desdobramentos do desastre ambiental’ ocorrido em
Mariana/MG. Comissões com os mesmos objetivos foram criadas nas Assembleias
Legislativas de Minas Gerais e do Espírito Santo. Em comum, nessas três
comissões, o fato que a maioria de seus membros foi financiada por doações
vultosas de empresas ligadas ao grupo Vale, mineradora que, com a BHP Billiton,
controla a Samarco, empresa diretamente responsável pela operação das barragens
que romperam”, denuncia Ivan.
Segundo matéria publicada pelo portal UOL, na Câmara dos
Deputados, 13 dos 19 membros da comissão externa foram beneficiados por doações
de empresas ligadas à Vale, em valores que vão de R$ 465 a R$ 500 mil.
Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, cinco dos nove
membros titulares da comissão extraordinária foram beneficiados com doações do
grupo Vale, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As
contribuições de campanha aos integrantes da comissão somam R$ 368 mil.
Já na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, estado
também afetado pela enxurrada de lama que atingiu o Rio Doce, as empresas do
grupo Vale doaram R$ 428 mil a sete dos 15 membros da comissão representativa
criada para acompanhar os impactos ambientais da tragédia.
“Ao todo, nas últimas eleições, o grupo Vale gastou R$ 80
milhões em doações, que beneficiaram três candidatos a presidente, 18 a
governador, 19 a senador, 261 a deputado federal e 599 a deputado estadual. As
doações beneficiaram políticos de 27 partidos. A Câmara tem 28, o único que não
recebeu foi o PSOL”, lembra o deputado.
Da redação do PSOL Nacional, com informações da Carta
Capital e do mandato do deputado Ivan Valente