Terça, 24 de novembro de 2015
Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil
A
Polícia Federal (PF) desarticula hoje (24) uma organização responsável,
há vários anos, por um cartel na distribuição e revenda de combustíveis
no Distrito Federal e cidades do entorno, que pode ter causado
prejuízos de cerca de R$ 1 bilhão por ano. As investigações da Operação
Dubai foram feitas em conjunto com o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) e acompanhadas pelo Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios.
Segundo a PF, somente a principal rede
investigada vende R$ 1,1 milhão em litros de combustível por dia, um
lucro diário de quase R$ 800 mil com o esquema. De acordo com as
investigações, as principais redes de postos combinavam preços,
determinando os valores a serem cobrados do consumidor. A PF diz que as
redes menores eram comunicadas pelos coordenadores regionais do cartel.
Cerca
200 policiais federais participam da operação e cumprem 44 mandados de
busca e apreensão, 25 conduções coercitivas e sete prisões temporárias
no Distrito Federal e nas sedes das duas maiores distribuidoras do país,
localizadas no Rio de Janeiro.
O Sindicato do Comércio Varejista
de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal também é acusado
de participar da manutenção do cartel, trabalhando como porta-voz,
criando dificuldades para o estabelecimento e funcionamento de postos em
clubes, supermercados e outros locais com grande fluxo de consumidores,
além de monitorar os preços do mercado e perseguir os proprietários dos
postos dissidentes.
Uma das principais estratégias das redes de
postos envolvidas no esquema, de acordo com a PF, era tornar o etanol um
combustível economicamente inviável para o consumidor, mantendo o valor
do combustível vegetal sempre superior a 70% do preço da gasolina,
mesmo durante a safra de cana-de-açúcar. Com isso, o cartel forçava os
consumidores a adquirir gasolina, o que facilitava o controle de preços e
evitava a entrada de etanol a preços competitivos no mercado.
A
elevação excessiva do preço do etanol permitia também aos postos do
Distrito Federal “cobrar um dos maiores preços de gasolina do país,
mesmo contando com uma logística favorável para o transporte do
combustível”, diz a PF. A cada tanque de 50 litros, o prejuízo médio
para o consumidor era R$ 35.
A PF explicou que o nome da operação
é uma referência ao emirado de Dubai, cidade-Estado do Golfo Pérsico
que, graças à exploração de suas reservas naturais de petróleo e gás,
atingiu a prosperidade.