Segunda-feira,
30 de novembro de 2015
Do
Blogue Náufrago da Utopia
Por Rui Martins |
A
tentação de permanecer no poder é sempre grande e estimula em alguns
partidos a ideia de obter financiamentos ocultos e não declarados. [Caso
do nosso] mensalão, pois o dinheiro recolhido tem só o objetivo de financiar o funcionamento do partido e suas campanhas eleitorais.
Já não se pode definir como financiamento de partido, quando certos
políticos negociam facilidades e vantagens para certas empresas ganharem
concorrências públicas, ficando com eles mesmos as propinas obtidas. É o
caso do nosso petrolão.
[Em] países [como a Alemanha, o Canadá e a França] o onde têm ocorrido
casos de corrupção, a Justiça tem toda liberdade de agir sem se criar no
país um clima de crise institucional.
No Brasil, a descoberta do mensalão,
solução encontrada para o PT governar mas até hoje negada pelo
partido, quase provocou a queda do presidente Lula. O atual caso do petrolão,
novamente negado contra todos os fatos pelo PT, estimula uma campanha
contra o Judiciário, incompreensível para quem está de fora.
E acontece o inacreditável –a maioria dos processados corruptos é
considerada vítima pelos próprios eleitores pobres petistas, manipulados
para não verem que o rombo da corrupção nas empresas públicas vai
custar caro para o Brasil e, indiretamente, para todos os contribuintes.
O cenário (...) tem tudo de uma ópera bufa ou palhaçada, tantos são os
argumentos furados e esfarrapados utilizados pela direção petista para
ludibriar seus seguidores. No caso atual, da prisão do senador Delcídio,
chega a provocar risos a rapidez com a qual a direção petista tentou
desvincular o senador corrupto do seu partido, mesmo sendo ele o líder
da bancada petista no Senado.
Para a esquerda brasileira, esse festival de bandalheira que assola o
país é, além de desolador, uma tragédia, porque o PT nascido com a
estrela vermelha esquerdista vai estigmatizar, se já não estigmatizou,
toda tentativa de esquerda para recolocar o país nas reformas sociais e
dentro dos valores éticos normais.
"ESTÁ NA HORA DE TODAS AS ESQUERDAS SE UNIREM PARA
DESMISTIFICAR A FARSA DECORRENTE DA MENTIRA ELEITORAL"
É também dramático porque os petistas, ao invés de cobrarem de seus
dirigentes esse vergonhoso desvio, insistem em reafirmar sua confiança
no partido, culpando a grande imprensa e a oposição, recusando todas as
evidências de corrupção. Ou então justificam, afirmando ter sido a mesma
coisa nos governos anteriores, numa inesperada perversão ética.
Outros dizem serem obrigados a desculpar tudo isso, em favor da
plataforma de mudanças sociais feitas no país pelo PT. Houve realmente
grandes avanços no Brasil em favor da grande parte da população antes
excluída, mas o trabalho não foi concluído e com a virada econômica do
atual governo, muita coisa pode se perder.
O Brasil viveu bons momentos nos últimos anos em grande parte pelas
importações chinesas de nossas matérias primas. Entretanto, infelizmente
o Brasil seguiu a velha cartilha e não aproveitou essa fase de
progresso para desenvolver ou construir suas bases e estruturas
industriais, satisfazendo-se com a euforia do consumismo proporcionado
pelas ajudas sociais.
Infelizmente esse quadro internacional favorecendo exportações a bons
preços acabou. Teremos muitos anos magros pela frente que poderão
provocar agitações sociais e a esquerda, hoje estigmatizada pela
corrupção, terá dificuldade para se afirmar junto ao povo. Só uma
alternância no poder permitirá o processo de depuração necessário, para
que a verdadeira esquerda surja com seus verdadeiros projetos sociais de
mudanças.
Está na hora de todas as esquerdas brasileiras se unirem para
desmistificar a farsa atual decorrente da mentira eleitoral. É
inadmissível se justificar ou se continuar aceitando esse escandaloso
acordo pelo qual Cunha não é cassado por corrupção para garantir não
haver impeachment.
Essa dita esquerda que está aí não é a minha esquerda.
Que também não seja a sua!
Obs.:
para adequar o texto do companheiro Rui Martins ao estilo (mais
essencializado) do blogue, descartei os parágrafos iniciais e pequenos
trechos dos restantes. Os interessados poderão acessar o texto integral aqui.