Do
Blogue Náufrago do Utopia
Por
Celso Lungaretti
É tão deprimente o desenrolar dos acontecimentos que eu nem os esmiuçarei, limitando-me às conclusões genéricas.
As investigações da Operação Lava-Jato chegaram nesta semana ao centro
do poder e, pelo andar da carruagem, não está longe o dia em que os
pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff se lastrearão no
conhecimento (que, tudo leva a crer, realmente tinha) da roubalheira na
Petrobrás e em sua omissão face a ela, deixando de tomar as providências
que lhe cabiam como presidente do Conselho de Administração, ministra e
depois presidente da República.
Mesmo não tendo se beneficiado pessoalmente do esquema de corrupção,
Dilma deverá ser acusada de conivência e pagar por isto. Assim como José
Genoíno, igualmente sem que ninguém lhe pudesse imputar ganhos
ilícitos, pagou um preço terrível por ter assinado um papelucho em
confiança.
Enquanto isto, o cerco ao ex-presidente Lula, parentes e amigos também
começa a produzir resultados e ninguém pode mais prever se ele passará o
Natal em família ou na prisão.
Já escrevi isto antes, não fui levado em consideração, mas insisto: bem
mais digno do que espernear até o mais amargo fim será Dilma renunciar
de imediato.
Assim, a imprensa passará a ter assuntos mais relevantes de que se
ocupar, com o revolver da lama da corrupção ficando em segundo plano e a
esquerda deixando de sofrer um desgaste tão acentuado quanto o dos
últimos tempos.
Essa agonia lenta sob holofotes é terrível para todos que lutamos por
uma sociedade mais justa (pois o cidadão comum tende a considerar-nos
farinha do mesmo saco, sem levar em conta se participamos dos governos
petistas ou deles mantivemos distância), para o País que decai a olhos
vistos e para o povo que é cada vez mais sacrificado pela recessão.
A saída de Dilma da Presidência é mera questão de tempo. Cabe a ela
decidir se é melhor sair caminhando pela porta da frente ou escorraçada
pela porta de trás.