Domingo, 29 de novembro de 2015
Cristina Indio do Brasil - Repórter
Agência Brasil
Cinco jovens entre 16
e 25 anos da comunidade da Lagartixa, em Costa Barros, zona norte do Rio, foram
mortos a tiros ontem (28) à noite. De acordo com a Polícia Civil, os PMs Thiago
Resende Viana Barbosa, Márcio Darcy Alves dos Santos e Antônio Carlos Gonçalves
Filho, acusados do crime, foram presos hoje (29), em flagrante, por homicídio
doloso (quando há intenção de matar) e fraude processual.
Além deles, foi preso
o policial Fábio Pizza Oliveira da Silva por fraude processual.
O comando
do 41º BPM (Irajá), na zona norte, abriu um Inquérito Policial Militar (IPM)
para apurar o envolvimento dos policiais nas mortes dos cinco jovens.
De acordo com a
Polícia Militar, os PMs prestaram depoimento na 39ª DP (Pavuna), responsável
pelas investigações, e lá mesmo foram ouvidos também pela Corregedoria da PM.
Ainda hoje devem ser transferidos para o Batalhão Especial Prisional da
corporação, em Niterói, na região metropolitana do Rio. A PM informou ainda que
os policiais responderão à Justiça comum e à Justiça Militar.
Segundo a 39ª DP, as
armas dos policiais militares foram apreendidas e os veículos periciados. Nas
investigações também serão ouvidas testemunhas. A delegacia informou ainda que
foi feita uma perícia inicial no local. Os corpos dos jovens Roberto de
Souza Penha, 16 anos, Carlos Eduardo da Silva de Souza, 16 anos, Cleiton Correa
de Souza, 18 anos, Wilton Esteves Domingos Junior, 20 anos e Wesley Castro
Rodrigues, 25 anos, foram levados para exame de necropsia no Instituto Médico
Legal (IML).
O soldador Jorge
Roberto Lima da Penha, de 48 anos, pai de Roberto, disse que somente amanhã
será feito o exame por causa da grande quantidade de exames que o IML ainda tem
para realizar. “Queremos liberar o corpo e marcar o sepultamento. Depois, vamos
ver o que faremos porque meu filho foi executado”, afirmou.
Jorge revelou que os
jovens moram na comunidade e se conheciam desde criança. Segundo ele, o filho
começou a trabalhar há pouco tempo e fazia parte do Programa Jovem Aprendiz.
“Todo mundo estava comemorando o trabalho dele, primeira assinatura na carteira
do garoto, 16 anos, um futuro enorme pela frente, queria trabalhar com
publicidade e acabou tudo agora”.
Os jovens se
divertiam no Parque de Madureira, também no subúrbio do Rio, como costumavam
fazer com frequência. O pai de Roberto informou que o jovem foi para lá às 14h
e ficou até a noite, quando se encontrou com o filho no local. “De 15 em 15
dias, os garotos iam para o parque e depois para o shopping, onde comiam pizza.
Tem muitas fotos deles no Facebook [se divertindo nesta situação]. Ele saiu do
parque, passou em casa e saiu de novo para fazer o lanche. Nessa hora saiu, e
não voltou.”
Jorge voltou antes para
casa e pouco tempo depois recebeu uma ligação sobre a morte do filho. “O
pessoal me ligou dizendo que tinha uns baleados lá em baixo e meu filho estava
no meio. Fiquei doido. Não acreditei. Fui ver e estavam os cinco vizinhos
dentro do carro.”
Segundo ele, o
veículo onde estavam os rapazes foi encontrado com várias marcas de tiros na
Via José Arantes de Melo, na entrada da comunidade.
“Só quem faz aquilo
ali são os terroristas do Estado Islâmico. Foi uma barbaridade. Eram muitos
tiros e depois plantaram uma réplica no pneu ao lado do motorista. A chave de
ignição estava no porta-malas. Foi uma cena deprimente. Eles tentaram
desconfigurar a cena do crime. Acrescentou que fotos e vídeos do local, feitos
por testemunhas, ajudarão nas investigações e comprovarão a participação dos
policiais.
Jorge disse ainda que
as famílias acompanharão em conjunto as investigações. “Vamos fazer uma
comissão para ficar em cima. Eles já estão presos. Foi uma execução. Vamos
acompanhar o desenrolar dessa situação, porque não é a primeira vez que
acontece mortes de jovens com a participação de policiais", conclui.