Sábado, 21 de novembro de 2015
Do Correio da Bahia
O ex-presidente Lula, que participou na tarde desta sexta-feira (20) da
15ª Caminhada da Liberdade, promovida pelo Fórum de Entidades Negras da Bahia
em comemoração ao Dia da Consciência Negra, foi vaiado pelo público no início
do seu discurso. Lula iniciou o pronunciamento agradecendo aos baianos pela
recepção e logo foi interrompido pelas vaias de um grupo de participantes
da caminhada. Aos poucos, as vaias se misturaram a aplausos, quando o petista
lembrou de conquistas alcançadas pela comunidade negra.
Durante a fala, Lula lembrou que as cotas raciais para ingresso de
pessoas negras em universidades e cargos públicos representaram avanço nas
políticas públicas para promoção da igualdade, mas reconheceu que ainda é
preciso avançar.
“Eu sei que ainda falta muita coisa a ser feita, mas nunca na história
desse país a gente teve tantos meninos e meninas negras na universidade. Nunca
teve um conselho capaz de aprovar as cotas para que os negros tivessem a
oportunidade de ser doutores, engenheiros, médicos, físicos, e não apenas
ajudantes de pedreiro nas grandes capitais desse país. Nunca nesse país foi
dada a oportunidade para que meninas negras pudessem ser médicas, dentistas,
ser sociólogas e não apenas empregadas domésticas, como eram”, discursou.
Ainda durante o pronunciamento, o ex-presidente falou que a verdadeira
história dos negros não é reconhecida porque não são contadas nas escolas. “A
história do povo negro nesse país não é conhecida porque as escolas não ensinam
corretamente o que viveu o povo negro. O povo negro deste país já fez muito
mais do que os livros contam. Eles não falam da história da Zeferina, que
queria libertar o nosso povo. Eles não falam da influência dos Malês que queria
colocar Salvador de perna para o ar para que o negro e a negra fossem
respeitados nesse país”, disse.
Discurso do ex-presidente durante 15ª Caminhada da Liberdade
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Comemoração
Após discursar, o ex-presidente, o governador Rui Costa e a secretária
estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Vera Lúcia, acompanharam a
passagem da caminhada pela Avenida Estada da Liberdade. Os secretários Jorge
Portugal (Cultura), Geraldo Reis (Justiça), Olívia Santana (Políticas para as
Mulheres), além dos ministros Juca Ferreira (Cultura), Nilma Guedes (Promoção
da Igualdade Racial).
De acordo com a secretária, "O 20 de novembro é emblemático para o
movimento negro porque celebra a imortalidade e o legado de Zumbi dos Palmares,
considerado um ícone da luta pela igualdade racial no Brasil”. A titular da
Sepromi também pontuou que a pasta desenvolve “uma série4 de ações afirmativas
voltadas à valorização das comunidades negras” e que está atenta e apoia “o
protagonismo dos movimentos sociais para celebrar os avanços e conquistas
futuras”.
Neste ano, a 15ª Caminhada da Liberdade homenageou o petista e teve
início na Senzala do Barro Preto, no Curuzu, e seguiu até o Pelourinho e teve
apresentação de entidades de matriz africana, como o Ylê Aiyê, Muzenza, Cortejo
Afro, Os Negões e o Malê de Balê.
(Foto:Diogo Costa)
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Em outro ponto da cidade, no Campo Grande, uma outra caminhada também
marcou o dia. A 36ª Marcha da Consciência Negra Zumbi dos Palmares, realizada
pela Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), reivindicou melhoria nas
políticas públicas para os negros.
“É um moente de empoderamento e de reflexão. Nós queremos que as
políticas sejam aprofundadas, nós queremos mais políticas, mas queremos que o
país continue na direção de implementar políticas públicas para todos os
oprimidos do país e da população negra. É um momento de cobrança e de
enfrentamento”, disse Hamilton Oliveira, coordenador do Conen.