Tribuna da Imprensa
Helio Fernandes
Só existe um responsável por essa crise catastrófica
que completa 5 anos: a própria Dona Dilma. Mas dois irresponsáveis cavaram o
subterrâneo, onde a incompetente, imprudente e inconsciente desconhecida,
mergulhou o país, logo que foi transformada em presidente.
O primeiro, FHC, que em 1997 comprou a reeleição,
proibida por todas as Constituições, a primeira da nossa Historia. Pagou á
vista, acabou com a alternância no Poder, cumpriu seu plano de mais 4 anos,
fazendo o que bem entendesse. Criou a Comissão de desestatização, vendeu uma
parte enorme do patrimônio do país, "recebendo" em moedas podres.
Denominação criada por este repórter, que identificou seu governo como o
"retrocesso de 80 anos em oito". Com ele no poder.
O segundo irresponsável pela invenção de Dona Dilma,
foi o ambicioso e iconoclasta Luiz Inácio Lula da Silva. Trilhando o asfaltado
caminho aberto por FHC, cumpriu os 8 anos , já oficializados, tentou
ficar mais 4. Não conseguiu, apesar de ter incluído governadores e até
Ministros do Judiciário.
Tido como carismático, era apenas aprendiz de
maquiavélico, mesmo sem conhecer o próprio, nem saber onde ficava a cidade de
Firenze. Mas sabia de “ciência certa”, que o melhor roteiro para reconquistar o
poder, era fazer presidente, alguém bem incompetente, que não aguentaria mais
do que 4 anos. Não precisava muita sabedoria, tinha ao lado, sem jamais ter
disputado qualquer eleição, uma coadjuvante, também sequiosa de poder, era só
indica-la, e retira-la, cumpridos os 4 anos. E aí voltaria.
Incompetente, surpreendente
Ninguém confiava na Dona Dilma, mas poucos
acreditavam que a desconfiança surgisse tão rápida. Organizou um ministério de
quinta categoria (39 personagens), com 3 meses teve que substituir 5 deles, o
que foi chamado de faxina, gozação colossal da imprensa. Errou na escolha ou na
demissão. Mas surgiu a certeza, que foi se consolidando, o Brasil não tinha
presidente. O primeiro ano se deteriorou , o segundo se esfumaçou antes da
metade, o "volta, Lula " dominava o PT, era a realidade que
engarrafava as ruas. Duas surpresas: o movimento era insuflado pelo próprio
Lula, mas a resistência, que os petistas não esperavam ,estava aquartelada no
Planalto e no Alvorada.
O governo acabara, visivelmente, mas Lula recolhia a
convicção amarga: Dilma não lhe entregaria o poder, se convencera que seu
mandato era de 8 e não de 4 anos. E o ex-sentiu a hostilidade que não esperava
, se desprendeu de 2014 , mas como não tem nada de tolo, trouxa ou
desinformado , suas esperanças para 2018 desapareceram.
No ultimo ano conflitaram velada ou abertamente, não
podiam se divorciar pessoal ou politicamente, Lula teve que pedir votos para
ela, perdão, para ele. Só que nem ele nem ela imaginavam que o segundo mandato
começasse tão trágico, dramático, inimaginável.
A incompetência revelada, o impeachment mobilizado
Antes da segunda posse, o Datafolha recolhia das
ruas: "76 por cento dos pesquisados, Inacreditável, mas rigorosamente
verdadeiro confessavam que a presidente mentira”. A impopularidade dela atingiu
índices assombrosos , surgiram os panelaços "á longa distancia", a
pergunta obrigatória :" por que lutou pela reeleição, se não governava?
"Em fevereiro , o impeachment fugiu dos bastidores, entrou na rota dos
órgãos de comunicação , juristas passaram a serem consultados , se eram contra
ou a favor.
O primeiro a se manifestar foi Ives Gandra Martins,
a favor do impeachment. Este repórter imediatamente contestou, “não existe
motivo para o impeachment". Mas nos dias e meses seguintes, surpreendeu
muita gente, mostrando que Dona Dilma fazia o pior governo da Historia. O
impeachment foi assunto de todo o ano. Agora, na passagem de 20l5 para 20l6,
ainda é manchete diária, ninguém tem coragem de fazer analise, comentário ou
previsão. Não haverá impeachment.
Digo isso desde Fevereiro. Dentro de 2 meses terá
passado 1 ano, não demora muito. Não tenho nada para mudar minha convicção. Os
que pretendem o poder sem eleição, voto ou urna, não conseguirão os
indispensáveis 342 votos na Câmara. Se por acaso eu cometer o maior erro dos
meus 70 anos de jornalista, repórter, analista, e eles conseguirem, não
obterão, no Senado, os 54 votos.
Necessários.
Política e economicamente Dilma ficará
Garantido que o impeachment não será aprovado ela perderá,
digamos 6 meses, o tempo para decidirem. Pode surgir à cassação determinada
pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), aí sim estará implantada a mais
completa confusão. Não examino a validade dessa hipótese, muita gente aposta
nela. Surgiria o vazio em cascata, FHC aposta que poderia ser chamado para um
mandato tampão. Aécio pretenderia o que chama de "reversão", o
segundo colocado assumiria. Já foi utilizado para governadores e prefeitos, mas
para presidente da Republica , seria "solução". De qualquer maneira,
o Ministro Toffoli tem dito reservadamente, que isso pode acontecer, e mais
rápido do que a votação do impeachment. Deixo em aberto, seria mais adivinhação
do que analise.
Inflação, juro, cambia, desemprego, divida
Escrevo no limiar de 2015, praticamente na entrada
de 2016, com a certeza de que o ano que desaparece, sem muito otimismo, será
melhor do que o ano que surge. Rapidamente examinarei os 5 índices que
destaquei, poderiam ser 10 ou 20.
Inflação - Está fechando 20l5 em 10,81, quase 11. Dona
Dilma não tem potencial para redução, com boa vontade, talvez feche 2016
com inflação em 10 por cento, barbaridade 2017 pode até mesmo descer para 9 por
cento, previsão de analistas. E finalmente em 2018, a inflação
poderá descer até 7,80, estou encampando previsões gerais. Dessa forma, ficará
sempre longe do centro da meta, como ficou até aqui. Isso na hipótese de
resistir até lá.
Juro - É uma vergonha, uma afronta, qualquer um
constataria facilmente que em 1 ano passou de 7 para 14,25 e ainda subirá mais.
Garantiam que a alta do juro era para derrubar a inflação, esta subiu junto.
Nos próximos 3 anos , o juro tem que ser derrubado, mas não ha expectativa de
que aconteça.
Cambio - Esse então é inatingível
Ficará rondando os 4 reais , a tendência é para mais
e não para menos. Em 1955 , Salazar , professor de Finanças da Universidade de
Coimbra e ditador de Portugal , aconselhou Juscelino: "Presidente ,
se o senhor quiser governar o mandato inteiro não toque no cambio".
JK seguiu o conselho, ficou os 5 anos no poder.
Divida - Esse é um dos pontos fundamentais, quase
sempre desprezado pelos analistas. Não estamos nem amortizando os juros, o
total caminha em velocidade para os 3 trilhões. No momento , devemos 2
trilhões , 770 bilhões. Necessidade anual para amortização: 270 bilhões.
Realidade cruel e dramática: não amortizaremos nada.
Desemprego- Pela primeira vez atingimos esse
numero de total insensibilidade: 10 milhões de brasileiros não conseguem onde
trabalhar, e o numero tende a crescer. Sem investimento, sem esperança,
com o que se chama de "desindustrialização", o numero dos sem
trabalho vai aumentando de forma dilacerante.
É o maior crime praticado contra o cidadão, o
emprego é o seu único bem. Por enquanto, 10 milhões desperdiçam o tempo procurando
um trabalho que não existe. E com Dilma ou sem Dilma, este 2016 que está
chegando, 201 7 e 2018, não oferece esperança de melhoria. Por que mentir para
o povão?
Em suma, não ha suma. 2015 vai embora amaldiçoado,
mas 2016 não chega abençoado. A única salvação será ou seria a Lava Jato, com a
imposição de uma renovação no sistema político. Precisamos destruir essa
extravagância que dura anos, e se chama PRESIDENCIALISMO
PLURIPARTIDARISMO .Metade falso presidencialismo e a outra metade parlamentarismo
de ocasião ou de quem dá mais .
O problema insolúvel: a reforma política
imprescindível tem que ser feita pelo Congresso nada imprescindível. Se não
colocarmos o presidencialismo e o parlamentarismo, cada um no seu lugar ,a
guerra política suja permanecerá até 2018.
“E aí, os que sobrarem pela idade ou pela
“habilidade”, estará disputando o poder, mistificarão o povo, continuarão
repetindo:” Nós temos o voto direto das ruas”. Depois de 8 anos de Dilma, (que
destruiu as reivindicações das mulheres, agora outra, só depois de 50 anos) ou
mudamos completamente o sistema de escolher e de governar ou nos destruiremos
para sempre.
Para enterrar 2015 e não comemorar 2016, nada melhor
do que citar o genial Einstein. Perguntaram a ele como terminaria a Terceira Guerra
Mundial. Resposta: "Se for nuclear, a Quarta será travada com paus e
pedras, é o que sobrará". Se não mudarmos o processo político, os
candidatos terão os mesmos nomes sujos, a não ser que tenham sido limpos pela
Lava Jato. Pelo menos é uma realidade ou esperança.