Domingo, 18 de setembro de 2016
Elaine Patricia Cruz – da Agência Brasil
A Polícia Militar usou gás de pimenta no protesto contra o
presidente Michel Temer que ocorria de forma pacífica na Avenida
Paulista, em São Paulo. A confusão começou por volta das 17h, quando os
policiais militares tentaram impedir que uma ambulante vendesse água e
cerveja durante a manifestação. A vendedora resistiu à ação dos PMs que
queriam tomar a caixa com os produtos.
Os
manifestantes que viam à cena começaram a protestar contra os
policiais, atirando objetos na direção deles. Uma garrafa acertou uma
repórter da TV Brasil na cabeça. A polícia, então, usou
gás de pimenta para dispersar os manifestantes. O ex-senador e atual
candidato a vereador de São Paulo Eduardo Suplicy foi atingido pelo gás.
A
manifestação terminou por volta das 18h30 de forma pacífica em frente
ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde foi realizado um show com a
participação de grupos musicais.
Segundo o comandante da Polícia Militar, Rogério Caramit, ninguém foi preso durante a confusão. Ele disse à Agência Brasil que a operação de fiscalização de vendedores ambulantes na Avenida Paulista foi suspensa para evitar novas confusões.
“A
Polícia Militar, pelo que levantei previamente, foi fiscalizar um
ambulante. Esse é um serviço pelo qual a prefeitura contrata a Polícia
Militar. Não vi as imagens ainda. Mas pelo que soube, eles foram fazer
uma apreensão dos equipamentos de uma senhora. Se houve agressão, será
apurado. Mas já orientei para cessarem essas ações porque é um ambiente
de manifestação é difícil”, disse ele à reportagem.
“A senhora
estava vendendo água em uma caixinha de isopor. O policial foi falar que
não poderia. O policial falou que não pode, que era ilegal e aí a
senhora começou a segurar a caixa dela. Uns dois ou três policiais
começaram a bater na senhora e o pessoal ficou revoltado, foi para cima,
para defender ela. Eles [policiais] começaram a jogar gás de pimenta de
forma indiscriminada. Ainda bem que não teve bomba”, disse Raimundo
Bonfim, coordenador geral da Central dos Movimentos Populares e
integrante da Frente Brasil Popular.
Eduardo Suplicy disse que
vai enviar uma carta ao governador de São Paulo Geraldo Alckmin e ao
secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, para
indagar sobre a violência policial no protesto. “O PM jogou gás de
pimenta em mim e em diversas pessoas. Acho isso um absurdo”.
O
ex-senador explicou que foi interpelar o policial para saber motivo de
impedir a vendedora de trabalhar e “porque quiseram agredir e bater e
retirarem a caixa dela. Por que exatamente em uma mulher? Bateram no meu
braço”, disse Suplicy. “Foi um comportamento injusto e injustificado. A
manifestação é inteiramente pacífica”, completou.
Indagado sobre
o fato da polícia do estado ter justificado que estava cumprindo uma
tarefa dada pela prefeitura da cidade, de fiscalizar os ambulantes,
Suplicy disse que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, "jamais
permitiria tamanha violência. Os PMs estão descontrolados”, afirmou.
Dos
quatro protestos organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem
Medo, pedindo a saída do presidente da República, Michel Temer, e novas
eleições no país, em três houve episódios de violência policial. Nas
duas primeiras, a PM utilizou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral
contra os manifestantes e uma ocorreu pacíficamente.