Quarta, 16 de outubro de 2013
Patrícia Fernandes
patricia.fernandes@jornaldebrasilia.com.br
patricia.fernandes@jornaldebrasilia.com.br
No mês da criança, as condições dos serviços de saúde
pública oferecidos aos pequenos vão de mal a pior. No Hospital Regional
de Santa Maria (HRSM), faltam pediatras até na emergência. E na
internação, pacientes foram removidos para outros hospitais, também
por não haver médicos. O espaço foi fechado.
A reportagem do Jornal de Brasília foi ao HRSM, na manhã de
ontem, para confirmar a informação. Encontrou a pediatria vazia e foi
prontamente atendida pela assessoria de imprensa da instituição, que a
princípio desmentiu a denúncia e declarou que os atendimentos na
emergência transcorrem sem interferências. Já quanto às internações, a
assessoria confirmou que em alguns casos, os pacientes são transferidos para outras unidades hospitalares, de acordo com a gravidade da situação.
Contudo, na prática, não era bem o que acontecia. Isso porque
uma criança, que compareceu à instituição por volta do mesmo horário,
teve o atendimento negado com a justificativa da falta de médicos.
“Meu netinho de nove meses estava com crise forte de asma e
simplesmente falaram que não tinha médico para atendê-lo. Não me deram
nenhuma outra opção. É como se dissessem: se vira!”, desabafou a
auxiliar de serviços gerais Neci Bezerra, em meio a lágrimas.
Após a negativa de atendimento e devido à aguda crise asmática do bebê,
Neci decidiu levá-lo ao Hospital Regional do Gama. “Quando cheguei, ele
foi levado imediatamente lá para dentro e minha filha entrou com ele. A
suspeita é de que ele estava com pneumonia também”, explicou.
Em meio ao cenário de incertezas, Neci se emociona ao tentar
expressar como se sente. “É um descaso que revolta. A gente se sente
desamparado e não tem a quem recorrer. Não deram a menor atenção”,
lamenta.
Demanda da região foi para o Gama
O entregador Josimar Sousa, morador do Céu Azul (GO), na Região Metropolitana do DF, desistiu de levar a filha ao HRSM porque soube da situação nas redes sociais. “Resolvi trazê-la diretamente ao Gama. Já fui a Santa Maria e não consegui ser atendido. Vi que não adianta ir lá”, confessou. Segundo ele, a filha de um ano e nove meses estava com infecção urinária.
Para ele, a sensação é de que a saúde pública nunca esteve tão
precária. “Investem bilhões em entretenimento, em estádio, e nos deixam
desamparados. É um absurdo uma criança não contar com atendimento
médico. Onde isso vai parar? Em que ponto é preciso chegar para a
situação mudar?”.
A dona de casa Diana Ribeiro, que levou o filho de dois anos ao
Hospital Regional do Gama (HRG), compartilha do ponto de vista.
“Raramente consigo atendimento”, relata. Segundo ela, o HRG tem
condições estruturais de oferecer um atendimento de excelência. “O que
adianta gastar tanto com a construção de um hospital desse porte e não
contratarem profissionais?”, questiona.
Segundo a assessoria do HRG, é notória a sobrecarga. São
aproximadamente 300 entradas diárias para a pediatria e apenas dois
pediatras por turno.
Escassez de profissionais
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Marcos Gutemberg
Fialho da Costa, a falta de médicos na área da pediatria não é um
fato isolado. “A escassez de pediatras é crônica. Até o agora, o GDF não
fez concurso público para suprir essa carência e atender a toda a
demanda. Hoje, os pediatras trabalham em condições precárias”, explana.
De acordo com o presidente da entidade sindical, o Hospital Regional de
Santa Maria (foto) já passou pelo mesmo problema em outras ocasiões.
“Não é a primeira vez. Sem dúvida, é uma situação bem recorrente. Já
temos um plano de cargos e salário justo, graças a um acordo firmado em
junho deste ano, agora falta fazer seleção para a contratação”, disse.
Versão Oficial
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde confirmou que o HRSM está
encaminhando as crianças que chegam ao pronto-socorro necessitando de
internação para os hospitais de referência – Hospital Materno-Infantil
(Hmib), Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Hospital Regional de
Taguatinga (HRT) e Hospital Regional da Ceilândia (HRC). Tal medida,
segundo o órgão, foi tomada devido à demanda de pacientes ser muito
superior ao número de profissionais disponíveis nesta unidade de saúde.
A Secretaria de Saúde destacou que já está trabalhando para que a
demanda seja atendida o mais rápido possível. “Informamos, ainda, que
nenhuma criança deixou ou deixará de ser atendida. A SES esclarece que
está previsto concurso para pediatras até o fim do ano”, diz a nota.
Contudo, sobre o bebê com asma que deixou de ser atendido na
instituição, o órgão não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br
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Comentário do Gama Livre: A saúde é um caos, mas o estádio, que os macaquitos chamam de 'arena', está batendo nos DOIS BILHÕES DE REAIS. Ô, doutor, cumpra suas promessas.