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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Morre Iná Meireles, militante da esquerda


Terça, 17 de novembro de 2015

PSOL lamenta falecimento de Iná Meireles, histórica militante da esquerda brasileira



PSOL lamenta falecimento de Iná Meireles, histórica militante da esquerda brasileira

Faleceu na manhã desta terça-feira (17), no Rio de Janeiro, a médica Iná Meireles, atualmente presidente da Comissão da Verdade de Niterói. Militante desde os anos 60, Iná foi presa política no período da ditadura, participou da fundação do PT, foi presidente da CUT-RJ e atualmente era filiada ao PSOL. Vítima de câncer, Iná completaria 67 anos na próxima quinta-feira (19).
Logo após o golpe de 1964, se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Após as dissidências internas ocorridas naquele partido, por volta dos anos de 1966/67, Iná participou da criação da Dissidência de Niterói e, posteriormente, se integrou ao Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Em Curitiba (PR), foi presa pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em uma operação coordenada pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar). Foi barbaramente torturada e transferida, dias depois, para o Complexo Naval da Ilha das Flores, em São Gonçalo-RJ, onde – absolutamente incomunicável – passou dez dias sofrendo torturas diárias. Em 1970, Iná Meireles foi transferida para o Presídio São Judas Tadeu e, depois, para a Penitenciária Talavera Bruce, em Bangu. Condenada ainda pelo Superior Tribunal Militar, cumpriu sua pena até 10 de dezembro daquele ano. Após ser solta, a médica continuou sua militância atuando em defesa da anistia e libertação dos presos políticos.
Iná Meireles - ditadura-no-brasil
O PSOL recebeu com pesar a notícia do falecimento de Iná e lamenta a ida de uma das pessoas raras da esquerda brasileira. O presidente nacional do partido, Luiz Araújo, lembrou os momentos em que atuou ao lado da companheira de militância. “Eu comecei a minha militância quando tinha 14 anos e Iná Meireles estava lá. Quando, junto com milhares de socialistas, entendi que o PT podia cumprir tarefas revolucionárias, Iná estava comigo. Quando governamos de maneira inovadora e participativa a cidade de Belém, tive sempre as palavras animadoras dela. Quando decidimos começar tudo de novo e entrar no PSOL, ela nos acompanhou. Perder Iná é muito dolorido. Uma perda para todos que querem construir um mundo justo e fraterno e que estão de luto”, disse Luiz.

“Cada vez que um revolucionário se vai, sinto como se um pedaço de todos nós partisse junto. Iná Meireles, presente!”, disse hoje o secretário nacional de Comunicação do PSOL, Juliano Medeiros.
Companheiro de luta de Iná Meireles, o jornalista, escritor e também militante do PSOL, Cid Benjamin, lembra a amiga como “uma espécie de unanimidade”. “Uma das melhores que conheci. Ouso dizer que – nesse mundo cheio de mal-entendidos e problemas entre as pessoas – nunca ouvi alguém falar mal da Iná. Ela era uma espécie de unanimidade. Amiga, carinhosa, honesta até o último fio de cabelo, agradável, companheira, Iná era tudo de bom”, comentou o amigo.
O velório de Iná Meireles será nesta quarta-feira (18), a partir das 8h, no cemitério São João Batista, Capela 1. O sepultamento será às 16h45, no mesmo cemitério.
Da redação do PSOL Nacional