Sábado, 5 de outubro de 2013
Investigações chegam ao topo do esquema
e mostram que líderes tucanos operaram junto com executivos franceses
para montar o propinoduto do PSDB paulista. Os acordos começaram na área
de energia e se reproduziram no setor de transporte trilhos em SP
Da IstoÉ, edição nº 2290
Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas
As investigações sobre o escândalo do Metrô
em São Paulo entraram num momento crucial. Seguindo o rastro do
dinheiro, a Polícia Federal e procuradores envolvidos na apuração do
caso concluíram que o esquema do propinoduto tucano começou a ser
montado na área de energia, ainda no governo de Mário Covas (1995-2001),
se reproduziu no transporte público – trens e metrô – durante as
gestões também de Geraldo Alckmin (2001-2006) e de José Serra
(2007-2010) e drenou ao menos R$ 425 milhões dos cofres públicos. Para
as autoridades, os dois escândalos estão interligados. Há semelhanças
principalmente no modo de operação do pagamento de propina por
executivos da multinacional francesa Alstom a políticos e pessoas com
trânsito no tucanato para obtenção de contratos vantajosos com estatais
paulistas. Nos dois casos, os recursos circulavam por meio de uma
sofisticada engenharia financeira promovida pelos mesmos lobistas, que
usavam offshores, contas bancárias em paraísos fiscais, consultorias de
fachadas e fundações para não deixar rastros. A partir dessas
constatações, a PF e o MP conseguiram chegar ao topo do esquema. Ou
seja, em nomes da alta cúpula do PSDB paulista que podem ter tido voz
ativa e poder de decisão no escândalo que foi o embrião da máfia dos
transportes sobre trilhos. São eles os tucanos Andrea Matarazzo,
ministro do governo FHC e secretário estadual nas gestões Serra e Covas,
Henrique Fingermann e Eduardo José Bernini, ex-dirigentes da Empresa
Paulista de Transmissão de Energia Elétrica (EPTE). Serrista de
primeira hora, Matarazzo é acusado de corrupção por ter se beneficiado
de “vantagens oferecidas pela Alstom”. De acordo com relatório do MP, as
operações aconteciam por meio dos executivos Pierre Chazot e Philippe
Jaffré, representantes da Alstom no esquema que teria distribuído mais
de US$ 20 milhões em suborno no País. É a chamada conexão franco-tucana.