Terça, 8 de outubro de 2013
Em meio ao confronto
entre Batalhão de Choque e membros do grupo Black Bloc, na noite desta
segunda-feira (7/10), durante protesto dos profissionais de Ensino do
Rio de Janeiro, um policial militar apontou uma arma de fogo para um dos
manifestantes e, em seguida, imobilizou-o com um golpe conhecido como
"voadora". O Jornal do Brasil flagrou o momento de violência em que o PM aponta a arma para o rapaz, que não foi identificado no local.
Ao avaliar a foto publicada pelo Jornal do Brasil,
o professor e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Ignácio Cano,
considerou a postura do policial militar inapropriada, já que o
manifestante não apresentava um risco aparente para o PM e não estava
armado. Ignácio explica que a avaliação técnica da foto demonstra que a
polícia usou de muita truculência, enquanto deveria seguir os princípios
de proporcionalidade. "Entendemos até que o policial que está numa
operação desta natureza corre riscos e deve ficar alerta, mas não
justifica ele usar uma arma de fogo em direção a um manifestante que
está desarmado. Esse policial aumenta os riscos de acidente, pois ele
pode atirar de repente", destacou Ignácio.
A cena provocou
revolta e muitos jovens tentaram impedir que o PM levasse o rapaz para a
delegacia. A Polícia Militar enviou para as ruas um efetivo menor de
policiais, mas não conseguiu evitar as depredações do patrimônio da
cidade e nem as cenas de truculência e extrema violência. Na semana
passada, a manifestação dos professores que aconteceu durante a votação
do plano de cargos e salários, na Câmara Municipal, terminou com vários
educadores feridos, presos e um rastro de destruição pelas ruas do
Centro da cidade.
O
manifestante estava saindo de uma agência bancária localizada na
Avenida Rio Branco, próximo ao Consulado de Angola, que tinha acabado de
ser destruída pelos "mascarados", quando foi abordado violentamente
pelo policial. O PM fez a abordagem já usando a arma de fogo e, com a
ajuda de outros policiais do Choque, imobilizaram o rapaz. A confusão
chamou a atenção de jovens que participavam do protesto e eles pediram a
liberação do manifestante. Advogados da Ordem dos Advogados do Brasil
OAB/RJ) foram chamados para prestar atendimento ao rapaz detido e
encaminhado em uma viatura da PM para a delegacia.
O Jornal do Brasil
encaminhou as imagens para a Polícia Militar do Rio, que enviou uma
nota justificando que o policial fotografado estava responsável por uma
cabine e ele foi cercado por um grupo de manifestantes, que ameaçaram
depredar a cabine. "Sua ação foi profissional, inclusive, como mostra a
imagem, mantendo o dedo indicador fora do gatilho", diz a nota.
O
Rio de Janeiro amanheceu com as marcas do confronto. O grupo de Black
Blocs infiltrados no ato dos professores, incendiaram um ônibus na
Avenida Rio Branco, depredaram mais dois coletivos e várias agências
bancárias. Os mascarados jogaram dois coquetéis-molotov no Consulado dos
Estados Unidos e o Consulado de Angola também ficou com as marcas do
vandalismo. A tropa de Choque se posicionou próximo ao consulado e
começou a dispersar os manifestantes com bombas de gás e de efeito
moral. Os Black blocs assumiram a direção de dois ônibus e colocaram os
veículos de forma que bloqueassem a Avenida Rio Branco ao lado do
monumento do Obelisco. Bombeiros conseguiram apagar as chamas de um
ônibus que foi incendiado.
A Câmara Municipal foi o principal
algo dos mascarados e teve as janelas quebradas e houve um princípio de
incêndio na casa. Nesta terça-feira (8), a Câmara continua interditada
para limpeza e recuperação dos bens depredados.