Da ABI
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Por Daniel Mazola*
Nossa Copa foi nas ruas! A Articulação Nacional dos
Comitês Populares da Copa e das Olimpíadas (ANCOP) com apoio da Comissão de
Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI, promove ato de
lançamento nacional do Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no
Brasil, versão 2014, no dia 7 de novembro, às 18h, na sede da ABI (Associação
Brasileira de Imprensa), na Rua Araújo Porto Alegre, 71, no Centro do Rio de
Janeiro. Representantes dos 12 Comitês Populares da Copa e Olimpíadas estarão
presentes ao lançamento do dossiê, que apresenta e atualiza as denúncias de
violações de direitos nas cidades-sede dos megaeventos esportivos e as
conquistas dos movimentos organizados. O conselheiro Daniel Mazola representará
a ABI no lançamento.
Conforme destaca a apresentação do documento, um Dossiê
sobre a Copa do Mundo 2014, sediada por 12 cidades brasileiras, e sobre as
Olimpíadas 2016, que se realizarão na cidade do Rio de Janeiro, deveria ter
como tema central a prática do esporte, das relações pacíficas, culturais e esportivas
entre todos os povos do planeta. Deveria falar da alegria de termos sido
escolhidos para sediar estes dois grandes eventos. Mas não é disso que trata
este Dossiê.
Preparado pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da
Copa e das Olimpíadas, ele fala de outro lado destes megaeventos. Ele fala de
cerca de 250 mil pessoas que, segundo estimativas conservadoras, tiveram seu
direito à moradia violado ou ameaçado nessas doze cidades. Ele fala de cidades
que se tornaram mais desiguais, tirando das pessoas mais vulneráveis suas
condições de trabalho e perpetuando relações de extrema exploração em obras
milionárias. Ele fala de investimentos públicos, tão esperados, mas que
chegaram para acentuar distâncias sociais, levando os pobres para mais longe das
possibilidades de renda e acesso à educação, da fruição da cultura, de espaços
públicos e lazer, do meio ambiente e mesmo do acesso ao tão celebrado esporte.
No entanto, a Copa de 2014 mostrou que a paixão do
brasileiro pelo futebol não diminui. Na Copa, o povo torceu e acreditou no seu
time. Mas alguma coisa certamente mudou. Milhares nas ruas gritando “Não Vai
Ter Copa”, mais do que dizer que a Copa não iria acontecer, denunciou a
construção de uma cidade para poucos e mostrou a maioria cobrando seus direitos.
Essa mudança não se encerrou nas manifestações de junho de 2013.
Esse dossiê mais uma vez reivindica a legitimidade
incontestável dos cidadãos de lutarem por seus direitos sem serem
criminalizados. O direito de responsabilizarem as autoridades que abusarem de
seu poder e de substituírem o arbítrio e a violência pelo princípio da
democracia participativa, responsabilização dos servidores públicos e garantia
dos direitos humanos, inscritos em nossa Constituição e nos tratados
internacionais assinados pelo Brasil.
Apesar das dramáticas realidades que descreve e das
violências que denuncia, este Dossiê não é uma lamentação, mas um convite, uma
conclamação à luta, à resistência. Copa e Olimpíadas não justificam a violação
de direitos humanos. Nenhum direito pode ser violado a pretexto dos interesses
e emergências que pretendem impor ao povo brasileiro. A Articulação Nacional
dos Comitês da Copa e das Olimpíadas convida todos os cidadãos a participarem
da luta para que tenhamos uma CIDADE JUSTA COM RESPEITO À CIDADANIA E AOS
DIREITOS HUMANOS!
Precisamos atuar, colaborar, estar ao lado, dialogar e
contribuir com a luta do Comitê Popular RIO da Copa e das Olimpíadas, é tarefa
de todos nós. As reuniões acontecem todas as terças, às 19h, no 7o andar da
ABI. Confirme sua participação no evento no endereço:
*Daniel Mazola é jornalista, Conselheiro da Associação
Brasileira de Imprensa (ABI), e Secretário da Comissão de Defesa da Liberdade
de Imprensa e Direitos Humanos da entidade.