Quarta, 6 de novembro de
2014
Wellton Máximo – Agência Brasil
O número de indivíduos em situação de miséria no Brasil
subiu pela primeira vez em dez anos. Em 2013, a população abaixo da linha de extrema
pobreza aumentou 3,68%, a primeira alta desde 2003. Os dados foram divulgados
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O órgão não apresentou
nenhum estudo. Apenas atualizou as estatísticas na platatorma de dados Ipeadata
no fim da semana passada, em 30 e 31 de outubro.
O total de pessoas que vivem na extrema pobreza passou de
10.081.225, em 2012, para 10.452.383 no ano passado. A proporção de
extremamente pobres subiu de 5,29% para 5,50%, também a primeira alta desde
2003.
Para definir a extrema pobreza, o Ipea considera os critérios da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO). Os dois organismos baseiam-se em uma
estimativa do valor de uma cesta de alimentos com o mínimo de calorias
necessárias para suprir adequadamente uma pessoa.
Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
levantamento do Ipea define diferentes valores para a linha de extrema pobreza
em 24 regiões do país. Cada área tem uma faixa mínima de renda abaixo da qual
se caracteriza situação de miséria.
O Ipea, no entanto, também fez os cálculos conforme os
parâmetros do Programa Brasil sem Miséria, que estabelece em R$ 77 per capita
por mês a linha de extrema pobreza. Pelos critérios oficiais, o percentual da
população em situação de miséria também subiu, de 3,6%, em 2012, para 4%, em
2013. Foi a primeira alta desde o início da série histórica, em 2004.
Apesar do aumento da população em extrema pobreza, a população
em situação de pobreza (que enfrenta carências, mas não é classificada como
miserável) continuou a cair no ano passado pelos critérios da FAO e da OMS. O
total passou de 30.350.786 em 2012 para 28.698.598 em 2013, redução de 5,44%.
Em termos percentuais, a fatia de pobres caiu de 15,93% para 15,09%.
O Ipea define a linha de pobreza como o dobro da linha de
extrema pobreza. Pelos parâmetros do Programa Brasil Sem Miséria, no entanto, a
proporção de pobres subiu no ano passado, de 8,9% para 9%.
Procurado pela Agência Brasil, o Ipea informou que não
vai se manifestar sobre os dados. De acordo com o órgão, um pronunciamento
depende da apresentação dos respectivos estudos sobre a renda das famílias
brasileiras, que ainda não foram divulgados. Apenas os números foram lançados
na plataforma de dados.