Sexta, 8 de janeiro de 2016
Marcelo
Brandão – Repórter da Agência Brasil
As três maiores centrais sindicais do país se manifestaram
contra um possível aumento da idade mínima para aposentadoria. As críticas ao
governo falam em “indignação” e consideram a proposta do governo federal
"inaceitável”. Ontem (7), em café da manhã com jornalistas, a presidenta
Dilma Rousseff sinalizou essa possibilidade ao falar da reforma previdenciária.
“Vamos ter que encarar a reforma da Previdência. Não é
possível que a idade média de aposentadoria no Brasil seja 55 anos. Para a
mulher, um pouco menos. Não é possível por uma questão quantitativa. Vai ter menos
gente trabalhando no futuro para sustentar mais gente sem trabalhar: os mais
velhos que vão ter uma longevidade maior e os mais novos, que estão nascendo”,
afirmou a presidenta.
A Força Sindical divulgou nota hoje (8) se manifestando
“totalmente contrária” à elevação da idade mínima para aposentadoria. “Causa
indignação a declaração da presidente de que não é possível a idade medida para
efeito de aposentadoria ser de 55 anos. […] Não vamos aceitar que, mais uma
vez, para corrigir seus próprios erros, o governo faça uma reforma nas costas
do trabalhador."
A Força também lembrou que qualquer decisão nesse sentido
deve ser antes debatida no Fórum Nacional de Previdência Social, criado em
abril do ano passado, para que o governo e representantes dos trabalhadores,
aposentados e empregadores possam discutir o tema.
Tradicional aliada do PT, a Central Única dos
Trabalhadores (CUT) também fez críticas à declaração de Dilma. A central
lembrou a importância do fórum e disse que a medida prejudicaria aqueles que
começam a trabalhar muito cedo. “Para nós, esta proposta é inaceitável porque
prejudica quem ingressa cedo no mercado de trabalho, ou seja, a maioria dos
trabalhadores brasileiros”, disse, em nota, também divulgada hoje.
Para a CUT, o debate deve ser mais amplo. “Antes de
discutir Previdência é preciso discutir todo o sistema de seguridade social. A
partir disso, buscar resolver os problemas da Previdência, cujos principais são
a sonegação, que deve ser duramente combatida, e as isenções fiscais que recaem
sobre ela”.
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) segue a mesma linha
das outras centrais. “Cada vez que se fala de ajuste fiscal ou reforma
previdenciária, os trabalhadores tremem, pois sabem que vai sobrar para eles”.
Também lembrou daqueles que começam a trabalhar aos 12, 14 ou 16 anos, e que
precisariam “esquecer os sonhos da aposentadoria” e se manter nos postos de
trabalho por mais tempo.
“A bem da verdade, entre 12 e 16 anos, os jovens deveriam
estar na escola […] Certas ou não, as políticas de Estado que se sucederam ao
longo dos anos tentaram ter esse norte, mas nem sempre os planos deram certo”,
acrescentou a nota, assinada pelo presidente da UGT, Ricardo Patah.
A declaração de Dilma não foi bem recebida pelas centrais,
mas ainda não há uma decisão tomada sobre o assunto. No mesmo encontro, ela
também afirmou que a base dessas reformas é o diálogo com a sociedade. “Nós
vamos levar essa discussão a todos os setores. Por que isso? Porque a base para
que uma reforma de Previdência seja sustentável no Brasil é o diálogo”.
O presidente da Confederação Brasileira de Aposentados,
Pensionistas e Idosos (Copab), Warley Gonçalles, lamentou que um aumento da
idade mínima seja considerado pela presidenta. “Nós, da confederação somos
contra essa questão da idade mínima. Já estava de bom tamanho a fórmula 85/95
progressiva e, agora, querem aumentar a idade mínima. Não é o aposentado que
tem que pagar esse rombo”.
Gonçalles participou da primeira reunião do Fórum Nacional
de Previdência Social. Ele disse que as discussões ficaram para 2016. O
ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse, em dezembro, quando assumiu a
pasta, que pretende levar a proposta de reforma da previdência ainda no primeiro semestre. Gonçalles
lembrou que, depois dos diálogos com os setores, a proposta ainda será debatida
no Congresso. “Esse vai ser um ano complicado”.