Terça, 5 de maio de 2015
Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
por Anne Vigna | 5 de maio de 2015
Detido desde dezembro de 2014 por ter participado dos protestos durante a
Copa do Mundo, Igor Mendes é considerado preso político pela ONG
Tortura Nunca Mais; há mais 23 réus no processo cheio de falhas e
lacunas
Três jovens do Rio de Janeiro foram agraciados este ano com a Medalha
Chico Mendes de Resistência, concedida tradicionalmente no dia 31 de
março pela ONG Tortura Nunca Mais. Assim como os combatentes das
ditaduras do Cone Sul, também homenageados com a medalha, esses jovens,
representados por suas mães na cerimônia, foram vítimas da violência do
Estado – agora em regime democrático. Dois deles foram assassinados por policiais da UPP Manguinhos; o terceiro, Igor Mendes, está em uma cela no presídio de Bangu. Os três casos ainda estão em julgamento.
Jandira
Mendes, mãe de Igor, recebe a Medalha
Chico Mendes de Resistência ao lado de José
Pimenta, do Centro Brasileiro de Solidariedade
aos Povos (Cebraspo). Foto: Anne Vigna
Chico Mendes de Resistência ao lado de José
Pimenta, do Centro Brasileiro de Solidariedade
aos Povos (Cebraspo). Foto: Anne Vigna
O reconhecimento de Igor Mendes como “preso político” por essa e outras respeitadas organizações de direitos humanos deveria servir de alerta para a sociedade de um país democrático. Mas nenhuma linha sobre o assunto apareceu nos jornais no dia seguinte à cerimônia do Tortura Nunca Mais. Para a maioria dos cidadãos, Igor é apenas um dos “vândalos” presos nos protestos de 2014 contra a Copa do Mundo, tal como foi noticiado exaustivamente pela TV.
Quando se analisa, porém, o inquérito policial que levou à prisão de
Igor, não há como não lembrar a ditadura militar. Se naqueles tempos os
“terroristas” eram identificados pela repressão a partir de estereótipos
como a roupa vermelha, a barba, os livros “subversivos”, hoje a polícia
e a Justiça do Rio de Janeiro se baseiam em “indícios” como a roupa
preta, a máscara do Anonymous e posts e curtidas no Facebook para
apontar os “vândalos”. Como acontecia na ditadura, os suspeitos estão
por toda parte, sejam advogados, jornalistas, professores ou estudantes.
Ativistas de esquerda continuam sendo vistos como ameaça em 2015, ainda
que militem em partidos legais, como o PSOL, de acordo com o processo
judicial a que a Pública teve acesso.
Igor Mendes é um dos 23 processados pela Justiça do Estado de Rio de
Janeiro presos em 12 de julho de 2014, véspera da final da Copa do
Mundo, para prevenir ações violentas durante o evento, segundo a
polícia. No dia 6 de abril de 2015, o Ministério Público concluiu a
denúncia por “associação criminosa agravada pelo uso de arma e a
participação de adolescentes”. Igor é o único réu preso, e há duas
meninas com prisão preventiva decretada, consideradas foragidas pela
Justiça.
Igor
Mendes mostra as algemas durante sessão
na Justiça do Rio de Janeiro; ele está preso sem
condenação desde dezembro de 2014.
Foto: Sandro Vox
na Justiça do Rio de Janeiro; ele está preso sem
condenação desde dezembro de 2014.
Foto: Sandro Vox
O inquérito que deu origem à acusação do MP impressiona logo de cara
pelo tamanho: 6 mil páginas. Com tal volume, imagina-se que a
investigação sobre os 23 suspeitos teria sido profunda e detalhada, com
muitas evidências criminais. No entanto, quando se analisa o conteúdo,
percebe-se que não há rigorosamente nenhuma prova da alegada “associação
criminosa”. É difícil entender como o Ministério Público pode acusar 23
pessoas com base nessa investigação.
Metade do inquérito é composta por transcrições de gravações
telefônicas feitas pela DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de
Informática) entre setembro de 2013 e outubro de 2014. Uma parte
significativa reproduz perfis e mensagens de páginas do Facebook em que a
polícia busca qualquer palavra que possa comprovar que o suspeito era
“violento”. Entre as “provas” recolhidas nas casas dos suspeitos estão
livros, folhetos com palavras de ordem como “Não vai ter Copa”, “Fifa go
home”, exemplares do jornal de esquerda Nova Democracia,
roupas pretas etc. Também são apresentados alguns elementos
incriminadores, mas de procedência bastante duvidosa, como veremos: duas
“bombas de fabricação caseira” e três testemunhos contra os acusados
que corroborariam a tese policial presente desde o início do inquérito, a
de que existem cidadãos de bem que se manifestam legitimamente e outros
que se aproveitam dos protestos para desestabilizar a sociedade.
De
acordo com essa tese, houve violência nas manifestações de junho de
2013 com a utilização de tática “black bloc” pela primeira vez no Brasil
e, portanto, havia risco para a Copa do Mundo de 2014 e para as
Olimpíadas de 2016. O papel de “grupo violento” foi atribuído a FIP,
Frente Independente Popular, que nasceu, durante os protestos de junho, a
partir de vários movimentos sociais do Rio de Janeiro, como o Merp
(Movimento Estudantil Popular Revolucionário), a Oalt (Organização
Anarquista Terra e Liberdade), a Fist (Frente Internacionalista dos Sem
Teto), além de ocupações temporárias como “Ocupa Câmara” e o “Ocupa
Cabral”.No início, a polícia disse que estava investigando uma lista de
73 organizações “suspeitas”de violência (foto). Dela faziam parte a
maioria dos coletivos cariocas – culturais, estudantis, feministas,
indígenas, favelados, de mídia independente e até grandes ONGs como o
Observatório das Favelas, no complexo da Maré. E o que esses grupos têm
em comum? Simplesmente o fato de terem criticado em algum momento a
atuação policial.
Procuram-se culpados
Mas, como indica a mesma lista, o principal grupo investigado desde o
início era a FIP, que logo se tornaria o único foco das diligências
policiais. De acordo com o advogado de 11 dos acusados, Marino
D’Icarahy, a FIP, composta majoritariamente por jovens de classe média
baixa da periferia carioca, foi escolhida “por que é um movimento que
repudia o sistema, que não acredita nas instituições, nos partidos
políticos, que é independente do governo. Não é qualquer movimento
social, é mais radical, não no sentido da violência, mas das ideias”.
A leitura do inquérito não deixa margem à dúvida: não há provas de
crimes cometidos pela FIP, a não ser a própria acusação dos policiais.
Todo o tempo se repete que a FIP é “violenta” porque “comete crimes”
(fotos acima) sem nunca provar essa afirmação. É com base nessa acusação
vazia que os ativistas são investigados, grampeados, com conversas
gravadas e transcritas. Depois de centenas de páginas de transcrições
telefônicas, tudo que ficamos sabendo é que os “suspeitos” se conhecem,
se reúnem, se encontram para tomar cerveja ou participar de reuniões
políticas. Algumas dessas conversas não dizem nada sobre as pessoas
envolvidas, caso de Igor Mendes, o que, no entanto, o torna ainda mais
suspeito para a polícia: se ele não diz nada, é porque inegavelmente tem
algo a esconder (foto abaixo). Por fim, milagrosamente surge uma
testemunha que vai contar aos policiais o que se passava nas famosas
reuniões da “violenta” FIP.
Felipe Braz Araújo compareceu espontaneamente à polícia para
denunciar o grupo. Como tantas outras pessoas – incluindo esta repórter
–, ele participou de assembleias e reuniões da FIP abertas ao público. Em seu depoimento,
porém, Felipe diz que as reuniões da Comissão Organizadora da FIP eram
fechadas e tratavam de assuntos como a organização de “protestos
violentos para causar terror e pânico” e o “incêndio de ônibus”, entre
outras atividades criminosas. Segundo Felipe, a “FIP nasceu com essa
ideia de lutar de uma forma mais violenta”.
Com base nesse testemunho, a polícia produziu o resumo enviado ao
Ministério Público, que, uma vez acolhido pelo MP, determina a abertura
do processo. O texto direciona a ameaça para as classes mais abastadas,
das quais fazem parte os promotores e o juiz: “Estes grupos (FIP, Ocupa
Câmara, Ocupa Cabral) nutrem verdadeiro ódio em relação à classe média
alta. Que eles sentem repulsa aos ricos. Saliento que um dos objetivos
do ato ‘Ocupa Cabral’ foi exatamente este: causar o terror e o medo no
Leblon” (veja o trecho do documento).
Também é Felipe quem vai indicar à polícia quem são os líderes da FIP e
dos movimentos de ocupação: Igor Mendes, Camila Jourdan e, sobretudo,
Elisa de Quadros Pinto Sanzi.
É a partir dessa declaração que Igor Mendes é denunciado pelo
Ministério Público por “formação de quadrilha”, já que “incumbia ao réu
Igor M. organizar as manifestações, inclusive resolvendo sobre as ações
diretas a serem praticadas no caminho destas”. Seu advogado, Marino
d’Icarahy, chama atenção para dois pontos: “Em primeiro lugar, não há
nenhuma prova disso. Em segundo, Felipe Braz diz que Igor é um dos
líderes da FIP: Igor é comunista, como um comunista vai liderar os
anarquistas? Igor é brilhante, devora livros, tem um discurso muito bem
articulado, e efetivamente tem disposição para se destacar. Mas isso não
o torna líder e, sobretudo, isso não é crime!”.
A polícia não se preocupou também em saber que militante da FIP é
esse que se dispõe a acusar os companheiros, nem o motivo da denúncia.
Não investiga Felipe, não olha sua página de Facebook, não grampeia suas
conversas. É a defesa que vai atrás dessas informações e descobre que
Felipe Braz declara-se químico de profissão, mas não apresenta nenhum
documento que o comprove, nem mesmo diz o local onde trabalha; que ele
teve uma briga feia com seus “amigos” da FIP. Mais do que em política,
parece que Felipe, 33 anos, estava interessado nas meninas que
frequentavam as reuniões. Tentou sair com Camila Jourdan, que não quis
saber dele, e conseguiu ter um curto relacionamento com outra moça, que
chamaremos de I. Quando ela o deixou, Felipe a perseguiu de todas as
formas, a tal ponto que, desesperada, I. foi pedir ajuda a amigas
feministas. Elas então denunciaram Felipe publicamente, que, furioso,
jurou se vingar de todos. Uma testemunha da defesa, outro homem, disse
que Felipe o convidou para “pegar as feministas”. Estas são, aliás,
mencionadas por Felipe em seu depoimento como pessoas “que têm o
objetivo de espalhar a ideia de revolta e ódio contra o sexo masculino”.
A prisão de Igor
Contra Igor Mendes, existe apenas o testemunho de Felipe Braz: quando
os policiais foram à sua casa para detê-lo no dia 12 de julho, não
encontraram nada que o comprometesse. Levaram um livro, um boné e um
celular velho. Ficaram quatro horas com a mãe dele, que estava sozinha
em casa (Igor tinha saído), interrogando-a de forma totalmente ilegal.
“Neste momento, eu não conhecia ninguém do movimento. Os policiais
vasculharam a casa, me mostraram fotos, me ameaçaram por causa de minhas
negativas”, conta hoje a mãe de Igor. Desde esse dia, Jandira Mendes
está em tratamento psicológico, diagnosticada com síndrome de pânico.
Ela foi a única parente dos presos a ser ameaçada pelos policiais, mas
“quase todos os pais continuam a despertar a cada manhã com o medo que
sentiram no dia 12 de julho de 2014 ao encontrar a polícia em casa”, diz
outra mãe. Os pais se reuniram em um coletivo para tentar entender o
que seus filhos fizeram de errado: “Levou um tempo para a gente entender
que eles estavam apenas lutando por uma sociedade melhor, o que
normalmente é respaldado pela Constituição”.
Igor foi finalmente detido em 3 de dezembro de 2014 por desrespeitar
as medidas cautelares (ele estava impedido de participar de reuniões
públicas) impostas pelo habeas corpus obtido por seu advogado em julho
de 2014. Ele participou de um festival cultural do Dia do Professor (15
de outubro) na Cinelândia. Igor ficou 42 dias preso na “triagem”, até o
dia 15 de janeiro deste ano. Ficou sozinho em uma cela, sem poder ver a
família nem seu advogado, impedido de receber qualquer papel, inclusive
livros.
Ato no Rio contra aumento da passagem na
Av. Presidente Vargas pede libertação de Igor
em 16/01/2015. Foto: Ellan Lustosa
Av. Presidente Vargas pede libertação de Igor
em 16/01/2015. Foto: Ellan Lustosa
“Foragidas”
Elisa de Quadros é hoje considerada “foragida” da Justiça. Depois da
prisão de Igor, ela, que havia participado do mesmo festival,
desapareceu, assim como outra ré do mesmo processo, Karlayne Moraes da
Silva Pinheiro. Enquanto Igor só aparece no tomo 3 do inquérito com o
depoimento de Felipe Braz, Elisa – que se tornou conhecida pelo apelido
“Sininho” – consta do inquérito desde o início. A revista Veja a elegeu como símbolo do “black bloc” carioca desde as primeiras manifestações de 2013, o que chamou atenção da polícia.
Elisa
também foi considerada líder do movimento pela polícia porque, além de
Felipe Braz, Anne Josephine Rosencrantz a denunciou (dir.). Felipe
declarou que Elisa decidiu queimar um ônibus quando estava em uma
barraca do movimento “Ocupa Câmara”, enquanto Anne Josephine disse ter
ouvido Elisa “mandando manifestantes buscarem três galões de gasolina”
para incendiar a Câmara.
Quem é Anne Josephine? Uma menina de 21 anos que namorava um rapaz
que se tornaria namorado de Elisa durante as manifestações. Anne
Josephine descobriu o namoro através de uma foto das manifestações
publicada na imprensa. Uma cena de novela que seria engraçada se não
fosse trágica. Felipe e Anne Josephine não tiveram dúvidas em
identificar os líderes: Igor e Camila na FIP, Elisa no movimento “Ocupa
Câmara”; já a PM não teve a mesma sorte ao procurar líderes para poder
negociar a retirada da ocupação. Durante uma audiência sobre “o direito à
manifestação” em 28 de abril passado, o coronel Rocha, que comandava o
Batalhão de Choque da PM em outubro de 2013, explicou suas dificuldades
em contatar o movimento: “Como não havia líderes, não sabíamos com quem
negociar”.
Em suas alegações finais, o promotor Leonardo Barbosa aponta duas folhas encontradas na casa de Elisa
com a frase “atacar prédios públicos” como prova das acusações contra
os 23 suspeitos. Mas, na realidade, essas folhas não existem, segundo o
advogado Marino D’Icarahy: “O Ministério Público foi pouco cuidadoso ao
verificar as provas. Essas folhas estão mencionadas em um relatório da
polícia, mas não existem como prova material”.
E aí vamos à explicação sobre as bombas citadas no inquérito. Quando
Camila foi detida, a polícia afirmou ter encontrado em seu quarto uma
sacola plástica com “duas bombas de fabricação caseira”. Chama atenção,
no entanto, a falta de cuidado da polícia com essa prova. Em vez de
realizar a perícia no instituto especializado em criminalística (ICCE), a
polícia apresentou um laudo feito pela Polícia Civil no mesmo dia 12 de
julho (abaixo), o que invalidaria a prova na Justiça. Por que não tomar
todas as precauções com essa que seria a prova da violência? Essas
bombas nem sequer existem mais. Como explica o laudo, “depois de
analisado o material, foi destruído tendo em vista do perigo que
representa o seu armazenamento”. Todos os pedidos de entrevista feitos
pela reportagem à Polícia Civil, ao juiz e ao promotor foram negados.
Advogados Ativistas
Outro aspecto que chama atenção no inquérito é a predisposição
negativa da polícia em relação aos “advogados ativistas”, em particular
contra o Instituto de Defensores de Direitos Humanos (IDDH).
Eles foram investigados, acompanhados no Facebook, grampeados, até que,
por fim, conseguiram processar uma advogada com base em uma declaração
repleta de erros feita por um policial infiltrado.
Desde as primeiras páginas do inquérito, o IDDH é colocado como suspeito. Primeiro afirmam que esses advogados são “militantes políticos ideologicamente alinhados com ações extremas”. Como prova dessa afirmação, anexaram fotos extraídas da página de Facebook da advogada Luiza Marinho em reuniões com militantes do PSOL, um partido legalmente estabelecido. Outra “prova” apresentada é uma reportagem da revista Veja
que cita uma doação em dinheiro – declarada e oficial – feita pelo IDDH
à campanha de Marcelo Freixo (PSOL) (dir.). A partir desses
“elementos”, a Justiça autorizou a escuta de três telefones do
instituto. Os advogados alegam que continuam grampeados, agora de
maneira ilegal.
Eloísa Samy, 46 anos, é a única advogada processada pela Justiça até o
momento. Militante de direitos humanos há mais de 20 anos, ela assume
ter participado das manifestações, primeiro como cidadã, depois como
advogada: “No começo das manifestações de junho de 2013, eu participei
como cidadã. Mas no dia 20 de junho houve uma manifestação com mais de 1
milhão de pessoas em uma passeata na avenida Presidente Vargas. Lá,
chegando no final, perto da prefeitura, os manifestantes foram atacados e
perseguidos pela tropa de choque da PM por mais de 5 km até o bairro da
Lapa. Teve gente que ficou sitiada pela PM em duas faculdades federais.
A PM cortou a luz dessas duas instituições e os policiais montados
ficaram na porta. Esse dia me fez decidir que eu seria mais útil como
advogada do que como manifestante”.
Contra Eloísa, a polícia apresentou o depoimento do policial Maurício
Alves da Silva, assumidamente infiltrado nas manifestações, que disse
ter filmado tudo. Segundo o policial (leia seu depoimento abaixo),
“no dia 13 de junho” (na realidade 12 de junho), ele disse ter ouvido
Eloísa dizer “que estava na hora de começar a confusão” e que ela “dava
ordens para os Black Blocs praticarem atos de violência”. Daí se
concluiu que a advogada era líder da manifestação. Só que nesse dia a
manifestação foi pacífica. E justo nesse dia o policial infiltrado não
filmou nada.
Fernanda Vieira, advogada do coletivo Mariana Criola, que defende
seis dos 23 réus do processo, diz: “Seria muito longo enumerar todas as
críticas que temos a esse inquérito. Por exemplo, um dos réus não é
citado por ninguém. Só teria uma foto dele com outro réu no Facebook; o
MP diz que ele estava armado; na verdade, era uma espada de brinquedo.
Isso nos preocupa muito, o MP não verificou nada. Consideramos que
existia uma presunção de responsabilidade, de pegar uns militantes para
desmobilizar o ânimo das manifestações.
Outro ponto crucial: embora os 23 réus respondam pela acusação de
“associação criminosa agravada por uso de arma” (além de Camila e seu
namorado terem sido acusados por posse de explosivos), não aparece arma
alguma no inquérito, com uma única exceção: na casa de duas rés (irmãs),
havia uma arma que pertence ao pai delas, segurança privado, que tem
autorização para o porte. Mais uma das graves lacunas do inquérito que
mantém Igor na prisão e Elisa de Quadros Pinto Sanzi e Karlayne Moraes
da Silva Pinheiro, que tiveram prisão preventiva decretada, na condição
de foragidas da Justiça desde dezembro de 2014.