Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 26 de maio de 2015

Nota da Coordenação Nacional do MTST — 18/5/2015

Terça, 26 de maio de 2015
Leia a seguir a nota do MTST Nacional sobre a situação do DF
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto vem reafirmar o encaminhamento tomado na última semana a respeito da expulsão de militantes no Distrito Federal e esclarecer eventuais confusões plantadas com o objetivo de relativizar práticas oportunistas.
1. A cobrança obrigatória de dinheiro em troca de permanência no Movimento ou de acesso a conquista de moradia é uma prática inaceitável para o MTST e para qualquer movimento social com seriedade. Rateios voluntários entre os membros do movimento para sustentar a luta são uma coisa. Cobrança compulsória e com exclusão do movimento e de benefícios públicos para quem não paga é outra bem diferente.
2. Após diversas denúncias de famílias que constroem a luta do MTST no DF, coordenadores e ex-coordenadores estaduais e aliados políticos do Movimento, averiguamos que infelizmente foi estabelecida uma prática de cobrança obrigatória sob pena de exclusão de cadastro e auxílio aluguel (o que, inclusive ocorreu), além da exposição pública de quem não pagava em reuniões e assembleias, por exemplo com pedidos de vaia coletiva a quem não pagava. Para que se tenha a dimensão da situação, eram cobrados R$50 mensais de cada uma das 900 famílias que recebiam o auxílio aluguel conquistado pela luta do MTST. Como agravante, não houve jamais nenhuma prestação de contas do uso do recurso, nem para a Coordenação Nacional, nem para os militantes do DF, nem para as famílias. A alegação de que o recurso era integralmente gasto para locação de ônibus e outras demandas da luta não se sustenta, dado o valor arrecadado.
3. Além deste fato, no final de 2014, a Coordenação Nacional do MTST recebeu ainda a alarmante denúncia de que coleta de assinaturas para a criação de mais uma legenda partidária de direita, o Partido Liberal (PL), de Gilberto Kassab, estava sendo realizada - sob o comando dos coordenadores agora expulsos - em assembleias do MTST. Este fato foi presenciado por militantes da esquerda do DF, que estiveram em assembleia onde as assinaturas foram colhidas de forma obrigatória e sem nenhuma explicação do que se tratava. Quando questionados, os militantes disseram que a iniciativa era importante para melhorar as relações com a nova gestão do DF, a pedido do senador Hélio José (PSD), que assumiu a cadeira com a eleição do governador Rollemberg, de quem era suplente.
4. Ao receber as denúncias, a Coordenação do MTST buscou comprovações e obteve, além de numerosos relatos de militantes e aliados, materiais como vídeos que comprovaram a veracidade e gravidade do problema. Estes vídeos serão disponibilizados aos aliados do Movimento que tenham alguma dúvida e, se for o caso, apresentados publicamente. Fomos ainda informados do andamento de investigações oficiais, desencadeadas por denúncias de membros do Movimento que tiveram seu auxílio e cadastro excluídos por não pagarem a taxa.
Diante da confirmação, o MTST cobrou a interrupção imediata da prática e o esclarecimento do uso dos recursos. Parte da coordenação se recusou a fazê-lo e ainda passou a atacar e ameaçar os militantes que se dispuseram a enquadrar sua prática nos princípios do MTST (ameaças que seguem acontecendo). Não restou outra alternativa ao Movimento que não a expulsão dos que insistiram numa prática viciada.
5. Esta exposição pública da situação foi necessária pela tentativa dos militantes expulsos em inverter a situação e dar aparência de "ruptura política" a um caso de expulsão por violação grave de princípios do MTST e da luta socialista. O MTST seguirá sua construção no DF, contando com os militantes que se dispuseram a interromper práticas inaceitáveis e seguir os princípios do Movimento e também com o conjunto da esquerda do DF que entende o movimento popular como espaço para construção de novas práticas e valores.