Leia a seguir a nota do MTST Nacional sobre a situação do DF
O Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto vem reafirmar o encaminhamento tomado na última
semana a respeito da expulsão de militantes no Distrito Federal e esclarecer
eventuais confusões plantadas com o objetivo de relativizar práticas
oportunistas.
1. A
cobrança obrigatória de dinheiro em troca de permanência no Movimento ou de
acesso a conquista de moradia é uma prática inaceitável para o MTST e para
qualquer movimento social com seriedade. Rateios voluntários entre os membros
do movimento para sustentar a luta são uma coisa. Cobrança compulsória e com
exclusão do movimento e de benefícios públicos para quem não paga é outra bem
diferente.
2. Após
diversas denúncias de famílias que constroem a luta do MTST no DF,
coordenadores e ex-coordenadores estaduais e aliados políticos do Movimento,
averiguamos que infelizmente foi estabelecida uma prática de cobrança
obrigatória sob pena de exclusão de cadastro e auxílio aluguel (o que,
inclusive ocorreu), além da exposição pública de quem não pagava em reuniões e
assembleias, por exemplo com pedidos de vaia coletiva a quem não pagava. Para
que se tenha a dimensão da situação, eram cobrados R$50 mensais de cada uma das
900 famílias que recebiam o auxílio aluguel conquistado pela luta do MTST. Como
agravante, não houve jamais nenhuma prestação de contas do uso do recurso, nem
para a Coordenação Nacional, nem para os militantes do DF, nem para as
famílias. A alegação de que o recurso era integralmente gasto para locação de
ônibus e outras demandas da luta não se sustenta, dado o valor arrecadado.
3. Além
deste fato, no final de 2014, a Coordenação Nacional do MTST recebeu ainda a
alarmante denúncia de que coleta de assinaturas para a criação de mais uma
legenda partidária de direita, o Partido Liberal (PL), de Gilberto Kassab,
estava sendo realizada - sob o comando dos coordenadores agora expulsos - em
assembleias do MTST. Este fato foi presenciado por militantes da esquerda do
DF, que estiveram em assembleia onde as assinaturas foram colhidas de forma
obrigatória e sem nenhuma explicação do que se tratava. Quando questionados, os
militantes disseram que a iniciativa era importante para melhorar as relações
com a nova gestão do DF, a pedido do senador Hélio José (PSD), que assumiu a
cadeira com a eleição do governador Rollemberg, de quem era suplente.
4. Ao
receber as denúncias, a Coordenação do MTST buscou comprovações e obteve, além
de numerosos relatos de militantes e aliados, materiais como vídeos que
comprovaram a veracidade e gravidade do problema. Estes vídeos serão
disponibilizados aos aliados do Movimento que tenham alguma dúvida e, se for o
caso, apresentados publicamente. Fomos ainda informados do andamento de
investigações oficiais, desencadeadas por denúncias de membros do Movimento que
tiveram seu auxílio e cadastro excluídos por não pagarem a taxa.
Diante da
confirmação, o MTST cobrou a interrupção imediata da prática e o esclarecimento
do uso dos recursos. Parte da coordenação se recusou a fazê-lo e ainda passou a
atacar e ameaçar os militantes que se dispuseram a enquadrar sua prática nos
princípios do MTST (ameaças que seguem acontecendo). Não restou outra
alternativa ao Movimento que não a expulsão dos que insistiram numa prática
viciada.
5. Esta
exposição pública da situação foi necessária pela tentativa dos militantes
expulsos em inverter a situação e dar aparência de "ruptura política"
a um caso de expulsão por violação grave de princípios do MTST e da luta
socialista. O MTST seguirá sua construção no DF, contando com os militantes que
se dispuseram a interromper práticas inaceitáveis e seguir os princípios do
Movimento e também com o conjunto da esquerda do DF que entende o movimento
popular como espaço para construção de novas práticas e valores.